O escândalo de abuso sexual que sacode Hollywood aumentou esta segunda-feira (23), com a informação de que quase 40 mulheres acusaram o realizador de cinema americano James Toback de encontros sexuais não consensuais, ocorridos ao longo de várias décadas.

Motivadas pelas denúncias contra Harvey Weinstein, o outrora influente produtor de cinema, muitas vítimas decidiram revelar as suas histórias, ignoradas pela indústria cinematográfica, incluindo recentes acusações de pedofilia.

A denúncia contra Toback é o resultado de uma longa investigação do jornal Los Angeles Times, na qual 31 de 38 atrizes assumiram publicamente acusações contra o realizador e argumentista de 72 anos, nomeado para um Óscar por "Bugsy".

Na segunda-feira à noite, o jornal informou que, depois da publicação da reportagem, quase 200 mulheres entraram em contacto para revelar as suas experiências com o realizador e outras ligaram para a polícia de Los Angeles e para o Ministério Público de Nova Iorque, onde o cineasta mora, para denunciar a sua conduta.

Segundo a publicação, Toback estava acostumado a "vaguear pelas ruas de Manhattan à procura de raparigas atraentes", a quem oferecia uma carreira no mundo do cinema, aproveitando-se das suas ligações.

"Acrescentem mais uma. Exatamente assim, do manual de James Toback, quando o encontrei perto do Central Park", escreveu no Twitter a apresentadora do programa "Today Show" Natalie Morales.

As reuniões, acordadas como entrevistas ou audições, levava a conversa para temas desagradavelmente pessoais, com perguntas que iam desde masturbação até pelos púbicos, que terminavam com o cineasta a masturbar-se e ejaculando à frente de muitas delas.

"Senti-me como uma prostituta, uma absoluta decepção para mim, os meus pais, os meus amigos", relatou a atriz Adrienne LaValley sobre um encontro em 2008 com o realizador, que tentou esfregar a sua perna entre as dela, e que, ao sentir o toque, recuou. Depois, segundo contou ao jornal, Toback levantou-se e ejaculou nas suas calças.

"Ele disse-me que nada lhe agradaria mais do que se masturbar enquanto olhava para os meus olhos", contou ao jornal Louise Post, hoje guitarrista e vocalista da banda de rock independente Veruca Salt, que conheceu Toback em 1987, quando frequentava a Barnard College.

Supostamente o realizador também pedia que as raparigas ficassem nuas para testar a sua espontaneidade diante das câmaras.

Nenhuma delas denunciou os encontros à Polícia.

Toback negou as acusações, assegurando ao Times que nunca conheceu as mulheres e que, se isto ocorreu, "foi por cinco minutos e não se lembrava".

A sua agente ainda não respondeu aos contactos da agência AFP para comentar o caso.

Toback é argumentista e realizador desde 1974. O seu filme mais recente, "The Private Life of a Modern Woman", que tem Sienna Miller como protagonista, estreou este ano no Festival de Veneza.

"Protegendo pedófilos?"

A revelação do caso ocorre após o escândalo de Harvey Weinstein, acusado por mais de 40 mulheres de assédio, agressão sexual e violação, e agora é investigado pelas polícias de Nova Iorque, Londres e Los Angeles.

Ao mesmo tempo, denúncias de pedofilia também atingiram Hollywood.

O ator e músico Corey Feldman denunciou ter sido abusado sexualmente quando representava ainda miúdo, assim como o seu colega, Corey Haim, já falecido. Ele conta que ninguém os levou a sério.

Na quinta-feira, Feldman disse nas redes sociais que estava "contente de que as pessoas estejam a falar" e "reza para que outros também revelem" os abusos sofridos.

"Estou a trabalhar num plano" para "conseguir justiça", indicou, assegurando que há "muitas testemunhas dos crimes" que denunciou e não disseram nada.

As suas declarações foram reproduzidas pela imprensa, enquanto o vencedor de um Óscar Paul Haggis comentou ao The Guardian sobre o caso: "As pessoas também estavam a proteger pedófilos?"; Hollywood "não é um lugar inocente e nunca foi".

Na semana passada, o agente Tyler Grasham foi suspenso como parte de uma investigação interna por acusações de abuso sexual de jovens estrelas, enquanto a atriz Reese Witherspoon contou ter sido abusada por um realizador quando tinha 16 anos.

Outras duas mulheres acusaram o oscarizado Roman Polanski de tê-las agredido sexualmente no início dos anos 1970, quando tinham 10 e 15 anos.

O seu advogado, Hervé Temime, negou à AFP essas novas acusações.

"Os únicos feitos que podem incriminá-lo são os que se referem a Samantha Geimer, que admitiu [os factos] perante o tribunal há 40 anos", disse sobre o crime pelo qual o realizador se declarou culpado nos Estados Unidos, mas fugiu pouco antes de proferida a sentença em 1977.

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