Já são muitos os momentos por nós registados, e os dedos das mãos começam a fraquejar para assinalar os marcos da carreira dos D.A.M.A (que cada vez mais dispensam apresentações). Desta vez, a 13 de novembro, no Campo Pequeno, em Lisboa, o grupo atingiu uma nova fasquia ao tocar num recinto emblemático nacional. Num espetáculo só seu, era óbvio que não podíamos ficar indiferentes.

A loucura estava instalada bem antes de o concerto começar. As filas eram enormes, as entradas eram tantas quantas podiam existir, e o cenário de mais um concerto esgotado estava à vista, mesmo sendo esta a data extra dos rapazes. Já lá dentro, para ocupar o tempo de espera, o público teve direito à presença de um DJ que os presenteou com as mais diversas faixas, tocando nos pontos certos da loucura das adolescentes, como foi o caso de "Parte-me O Pescoço" de Agir.

Contudo, não tardou a chegar o momento que tantos esperavam. As luzes apagaram-se, os gritos fizeram-se ouvir mais do que nunca, e a plateia endoidecia com a contagem decrescente no ecrã para a entrada dos D.A.M.A que romperam o palco com tudo menos 'Calma', uma das suas novas faixas e a que deu início ao concerto.

Seguiram-se 'Já Não Quero Falar' e a clássica 'Luísa', dando a confirmação de que os clássicos ainda prevalecem às novidades perante os coros compostos e afinados que se sobrepunham ao próprio som que emanava das colunas que, deixem-nos dizer, era bastante alto.

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E não seria um verdadeiro concerto de apresentação se não fosse verdadeiramente especial, e tudo isso nos leva aos convidados, também eles especiais, que o grupo trouxe para o Campo Pequeno, tendo sido Mia Rose a primeira a pisar o palco com 'Secrets In Silence'. A faixa tão aclamada pelos fãs foi também uma das mais bonitas de se ver em palco, até pela cumplicidade da convidada feminina com estes três rapazes, especialmente com um deles. "Uma salva de palmas para esta pessoa que é das mais especiais para todos nós!", pedia Cristovinho em plenos pulmões, deixando-nos com um sorriso nos lábios.

"Quem já ouviu o nosso novo álbum? Esta música chama-se 'Agora É Tarde', mas nunca é tarde demais para dizer que vocês são os maiores", declarava Miguel num momento que, a nosso ver, talvez tenha sido, na verdade, cedo demais, uma vez que a ausência dos coros se fez sentir em comparação às restantes faixas até ao momento.

"Quem é que aqui tem orgulho em ser português? É isso, nós percorremos o país de norte a sul este ano, e há uma coisa da qual temos a certeza. Portugal é o maior país do mundo! Nunca duvidem disso, e obrigado pelo apoio que dão à música portuguesa", foram as palavras de Cristovinho num concerto onde o orgulho de ser português esteve presente do início ao fim.

E depois de 'Eu Sei', estava na altura de mais um convidado em palco, e desta vez foi João Pequeno quem acompanhou o trio na faixa ' Primeira Vez', num momento de puro companheirismo onde os maus (talvez péssimos) passos de dança são desculpados pelo ambiente que requer tudo menos aulas de danças de salão. E como ser João estava na moda desta noite, eis que sai o pequeno e entra o solitário, com João Só a partilhar o palco no título de amigo e compositor ajudante do grupo na faixa 'Adeus e as Melhoras'.

De volta aos clássicos, 'Às Vezes' terá sido, provavelmente, a faixa onde mais sentimos os nossos ouvidos a zunir perante a resposta dos fãs aos primeiros acordes. Contudo, não passaram de acordes durante um longo espaço de tempo, uma vez que os admiradores do grupo se lançaram num momento só seu, cantando antes de os próprios o conseguirem fazer, e marcando aquele momento como algo só seu. "Não há palavras para vocês", foi a única coisa que os rapazes conseguiram dizer perante o que observavam.

Interrompendo o seguimento do concerto, Cristovinho voltava a dar uso do microfone para alguns discursos mais profundos: "Não tenho outro espaço para dizer isto, pelo que vai ter de ser agora. Todos os dias passámos aqui durante anos, e nunca pensámos que um dia tanta gente pudesse gastar dinheiro para nos ouvir, (...) por isso muito obrigado por darem um segundo à música portuguesa!", voltava a agradecer ao som dos aplausos da plateia, dando lugar a 'Tempo Pra Quê', seguida de 'O Maior' e 'Não Faço Questão', onde Gabriel o Pensador esteve presente, mas apenas nos ecrãs.

Para o fim ficaram as previstas. 'Não Dá' deixou todos os fãs de pé, galerias incluídas, enquanto os coros se propagavam de forma coordenada, fazendo as delicias aos três rapazes que não eram capazes de deixar de sorrir. E por último, a faixa que deu origem aos D.A.M.A. que todos conhecemos, 'A Balada do Desajeitado', seguindo-se da despedida com direito a vénia à cidade maravilhosa e a um público incrível, segundo as suas palavras. Além disso, a célebre selfie não podia faltar.

Quanto a nós, sob pena de comparações a um disco riscado, apenas podemos dizer que, de facto, 'não dá' para faltar. Um grupo que fazemos questão de acompanhar e distinguir como um exemplo do melhor que se faz em Portugal. No fim, 'o maior' é aquele que mais nos toca, com quem mais nos identificamos, e num mundo de desajeitados (porque ninguém é perfeito), parece que os D.A.M.A. vieram para ficar e nós vamos continuar aqui a registar a sua história.

Fotografia: Ana Castro