Após oito anos de interrupção, os Cordel do Fogo Encantado voltaram aos palcos com o disco “Viagem ao coração do sol", editado em abril. É um disco que procura a liberdade através da personagem Filha do Vento.

“Todas as faixas do disco são uma caminhada em busca dessa liberdade, mas descobrimos que ela estava em todo o processo da nossa caminhada, através de outros personagens que aparecem nas canções”, conta o vocalista da banda.

Os Cordel do Fogo Encantado são “uma banda muito diferente”, em que “toda a base musical é conduzida pela percussão” e há apenas um instrumento harmónico, um violão. “É um som que só se faz com essa reunião, com essas pessoas envolvidas”, refere Lirinha, justificando o regresso do grupo, que atuará no Castelo de Sines, já depois da meia-noite de hoje.

No Brasil, trabalhar uma música ou uma poesia “é um gesto revolucionário”, porque “é preciso nadar contra a maré” e “tudo leva” à não-realização dos sonhos, considera o vocalista da banda brasileira.

“Somos livres, mas vivemos acorrentados por todos os lados. (…) Até conseguimos experiências de uma liberdade individual, mas como trazer essa liberdade para a comunidade? Em forma de banda, levantamos essa dúvida. Não temos resposta exatamente, mas as canções são essas perguntas à Filha do Vento”, explica.

Lirinha vê a atual situação no Brasil como “um processo de muito conflito ideológico”. Por isso, a eleição presidencial marcada para outubro será “diferente da de todas” as anteriores. “Metade da população [está] ligada a um candidato que não pode concorrer nesse ano às eleições”, assinala, referindo-se a Lula da Silva, entretanto preso.

O ex-presidente brasileiro, que lidera as sondagens, foi condenado por crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais em duas instâncias da justiça brasileira e dificilmente terá a campanha aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral do Brasil. Ainda assim, deverá oficializar a sua candidatura pelo Partido dos Trabalhadores.

Escândalos de corrupção e uma grave crise económica estão entre os fatores que indicam que as próximas presidenciais brasileiras devem ser as mais disputadas dos últimos anos.

Já são candidatos o deputado ligado à extrema-direita Jair Bolsonaro, que lidera algumas sondagens e noutras aparece em segundo lugar, e Ciro Gomes, o ex-governador do estado do Ceará, que ocupa a quarta posição na preferência dos eleitores.

Porém, nenhum conseguiu formalizar alianças com partidos que não apresentarão candidatos próprios à eleição.

A ambientalista Marina Silva, que também deverá oficializar uma candidatura, aparece em terceiro lugar nas sondagens de intenção de voto, mas, tal como Bolsonaro e Ciro Gomes, não tem o apoio de outras formações políticas além da sua, a Rede Sustentabilidade.