Numa entrevista à agência Lusa, a propósito dos 25 anos do Centro Cultural de Belém (CCB), Elísio Summavielle, nomeado há dois anos para o cargo, assumiu a conclusão dos módulos 4 e 5 do equipamento, como uma das suas prioridades e grandes ambições até ao final do mandato.
A concessão para um hotel e espaço comercial é um objetivo relacionado com a conclusão do projeto original, mas também está diretamente ligada à "necessidade de a Fundação CCB obter cada vez mais recursos próprios".
"Vai fazer dois anos que entrei nesta casa fantástica, e uma das ambições seria concluir o projeto do arquiteto Vittorio Gregotti. Sempre faltaram os módulos 04 e 05, e, por razões diversas, o processo manteve-se incompleto até hoje", recordou.
O CCB foi inaugurado a 21 de março de 1993, depois de ter acolhido, um ano antes, a Presidência Portuguesa da União Europeia, e, nestes 25 anos, foi palco de milhares de eventos culturais e de outras áreas, pois também acolhe congressos e encontros de entidades públicas e privadas.
"Juntando essa necessidade de concluir o projeto, e dar a coerência total ao equipamento, e também a necessidade de a Fundação CCB ter cada vez mais recursos próprios que possam garantir uma programação mais ambiciosa, e de sustentação da casa, deu-se prioridade" ao seu prosseguimento.
Ao longo dos últimos anos, "concluiu-se o processo da legalização dos terrenos, e, neste momento, há apenas uns ajustamentos a fazer nas medições, e também a preparação do concurso público internacional que possa dar a oportunidade aos diversos promotores de assumirem a conclusão do projeto", indicou o presidente do CCB.
A opção tomada é a de um modelo de concessão, construção e exploração do equipamento hoteleiro e da galeria comercial, funcionando num modelo de direito de superfície dos terrenos, durante 75 anos.
"Não só é importante para a sustentabilidade futura do CCB, mas também para a cidade de Lisboa, que tem o seu centro histórico já muito concentrado com o turismo, e é necessário que também cresça para ocidente", avaliou o responsável, sublinhando a necessidade de "criar um polo importante junto do CCB" que traga "alguma movida" àquela zona.
Elísio Summavielle já foi secretário de Estado da Cultura, com Gabriela Canavilhas como ministra, e também presidente do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR), atual Direção Geral do Património Cultural (DGPC).
Esta "ambição virtuosa", como lhe chamou Elísio Summavielle, terá o concurso internacional lançado “entre o final da primavera e início do verão deste ano, e o início da construção em 2019”.
Quanto à duração da obra nunca deverá ser menos de um ano e meio, de acordo com a estimativa do presidente do CCB, que indicou à Lusa existirem já, pelo menos, quatro ou cinco interessados, nacionais e estrangeiros.
Questionado sobre a gestão financeira do CCB e se existe um passivo, Elísio Summavielle disse que a situação foi solucionada após ter chegado à presidência da entidade, cuja gestão "tem de ser bastante rigorosa, entre as receitas e a despesa, para equilibrar as contas".
"A subvenção anual do Estado, através do Ministério da Cultura - sete milhões este ano, mas já foi de 11 milhões - não cobre a totalidade dos custos de funcionamento, desde salários, energia, água, limpeza e segurança", apontou.
De acordo com o presidente do CCB, a receita da atividade comercial - que inclui o aluguer dos espaços a empresas - foi aumentada em 20 por cento relativamente ao que era, há dois anos: "São estes proventos que dão a prudente programação que temos de fazer".
"A construção do hotel dará ao CCB um rendimento mais simpático que nos irá permitir ter uma ambição maior na programação, a tal internacionalização que um equipamento de excelência destes deve fazer, e colocar Lisboa no mapa das grandes atrações performativas da Europa", sustentou.
Ainda sobre o apoio do Estado, Elísio Summavielle prefere "não fazer a choraminguice de pedir dinheiro", porque "o Estado tem as suas prioridades”, e, em vez disso “explorar os recursos do CCB até ao limite".
"Esses recursos é que poderão dar a sustentabilidade futura e a ambição que desejamos para um equipamento destes", defendeu, sobre o projeto, que proporcionará um financiamento que entrará no património da fundação, tal como as lojas que o espaço acolhe.
São estes rendimentos permanentes que asseguram a sobrevivência do CCB, assegura o responsável: "Estamos um pouco acima desse limiar de sobrevivência, neste momento, mas também não podemos resvalar para situações complicadas, deficitárias, ou que ponham em causa a estabilidade da casa e dos seus trabalhadores", concluiu.
No dia que se cumprem os 25 anos, a 21 de março, o CCB celebra a data com o evento "Dia Aberto", que inclui a inauguração de uma exposição sobre a história do centro cultural, uma feira do livro, oficinas de música para os mais novos, e visitas aos bastidores.
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