Organizado pela Orquestra Típica Scalabitana (OTS), o espetáculo agendado para a tarde de sábado vai juntar todas as secções do CCS - além da OTS, o Veto Teatro Oficina, o Coro e o Ballet da Academia de Dança - para interpretações de fado, declamação de poesia, dança, recriação de momentos como o desembarque da corte vinda do Brasil e evocação de personagens como a Severa (cujo pai era natural de Santarém), anunciou a organização.

Eliseu Raimundo, presidente da direção do CCS, justifica a escolha do grande auditório do CNEMA por ser o espaço na cidade com maior lotação para receber um espetáculo que, pelas suas características, será único, não havendo, por isso, a possibilidade de, como aconteceu em anos anteriores, ter várias sessões.

Sendo uma tradição da associação, que este ano celebra os 62 anos de existência, o Sarau Anual começou por realizar-se no Teatro Rosa Damasceno (atualmente praticamente em ruínas), tendo retomado a sua regularidade nos últimos anos, com cada uma das suas secções a organizar o espetáculo rotativamente.

Vasco Nogueira, da Orquestra Típica Scalabitana, “desenhou” o guião do espetáculo, tendo por base a declaração do fado como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2011, e o facto de este género musical ter uma vertente tipicamente ribatejana, que será ilustrada, por exemplo, na interpretação integral de “O Fado”, escrito por António Gavino - o primeiro maestro da OTS (1946/1952) – quando estava na antiga Lourenço Marques (atual Maputo, capital de Moçambique).

Outro fado que integrará o programa é “Menina das Tranças Pretas”, escrita por Vicente da Câmara na década de 1960 no café “Abidis” em Santarém, disse Vasco Nogueira à Lusa.

À atuação da OTS, que contará com a colaboração “especial” de Helena Leonor, juntam-se momentos de recriação histórica, evocação de personagens e declamação de poesia pelo Veto Teatro Oficina, atuação coreografada do Coro do CCS, que interpretará, nomeadamente, “Senhora do Almortão” evocando os “mendigos de poemas e versos de fados” que corriam as tabernas desde as Beiras até Lisboa.

O tema “Vara Larga” da OTS contará com uma coreografia do Ballet da Academia da Dança do CCS, grupo que acompanhará igualmente a interpretação de “Barco Negro” pelo Coro, num espetáculo com uma duração de cerca de duas horas e em que serão homenageados os seis sócios com 50 ou mais anos de afiliação.

O CCS foi criado em julho de 1954 a partir da fusão do Clube Literário Guilherme de Azevedo e do Orfeão Scalabitano, tendo sede no edifício onde se localiza, desde 1895, o Teatro Taborda, e por onde passam todas as semanas “centenas de pessoas” para participarem nas atividades desenvolvidas pelos seus vários núcleos, realçou Eliseu Raimundo.