A partir de fevereiro do próximo ano, o Museu de Arte Contemporânea do CCB (MAC/CCB) terá também a sua exposição permanente remodelada, para “apresentar de forma inédita as coleções” ali depositadas, segundo a diretora artística, Nuria Enguita.

Sob o título “Uma deriva Atlântica. As artes do século XX”, com um arco temporal de 1909 até 1975, a mostra irá procurar “rever as histórias da arte observando a história do mundo”, e será renovada de seis em seis meses.

O espaço museológico, que tem à sua guarda a Coleção Berardo, acolhe ainda no seu acervo obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), a Coleção Ellipse, adquirida pelo Estado, e a Coleção Teixeira de Freitas, deixada em depósito pelo colecionador.

A inauguração da exposição permanente remodelada irá ser acompanhada pela inauguração de ”31 Mulheres. Uma exposição de Peggy Guggenheim”, que integra artistas ligadas sobretudo ao surrealismo e à arte abstrata, e remete para a exposição organizada por aquela colecionadora norte-americana em Nova Iorque, em 1943.

Na apresentação da nova temporada – cujo lema é “MAC/CCB: um espaço vivo, habitável e habitado” -, Nuria Enguita sublinhou que o espaço museológico “está a trabalhar em relações que se vão definir ao longo do ano” com a cidade, e com a unidade dedicada às artes performativas, “fundamentais numa noção contemporânea que introduz os corpos no museu”.

“O programa que vamos iniciar em 2025 decorre do valor deste museu e da sua posição no ecossistema da cidade e do país”, disse, apontando as “linhas de força fundamentais que marcam a atividade do MAC/CCB, nomeadamente a atenção às artes visuais e à arquitetura, uma área de ação que se debate sobre os vetores do moderno e do contemporâneo”.

O percurso do MAC/CCB também será marcado, em abril de 2025, pela reabertura do Centro de Arquitetura, espaço dedicado a esta disciplina com direção de Mariana Pestana, que está a ser remodelado pelo ateliê suíço-português Bureau, responsável pela reconfiguração para acolher exposições, áreas de trabalho, residências e de convívio.

A reabertura deste espaço, que terá "uma vocação experimental”, segundo Mariana Pestana, incluirá a exposição “Interespécies”, que sublinha a importância da subjetividade e da imaginação “numa nova aliança entre humanos e não-humanos”, segundo a direção.

"O Centro de Arquitetura vai ser um estaleiro para mostrar coisas acabadas e também em processo", revelou a responsável sobre o espaço remodelado, que terá linhas de programação dedicadas a determinados temas.

Ainda em abril, a cineasta, escritora e artista belga Chantal Akerman (1950-2015) será alvo de uma exposição que oferece “um novo olhar” da obra da criadora, “como transmissora de uma posição política extraída de uma profunda observação da realidade quotidiana”.

Do início da sua atividade, em Bruxelas, ao deserto mexicano, e dos primeiros filmes às últimas instalações, realizadas em 2015, esta é a primeira grande exposição em Lisboa dedicada à artista, apresentando imagens das suas produções e documentos arquivísticos inéditos.

O fim da ditadura em Portugal será também relembrado no CCB através da mostra “Cartazes sem Censura | 25 de Abril e a Revolução do Verão Quente”, composta por testemunhos visuais de um período de transformação política e social resgatados de muros e paredes onde foram originalmente afixados, e preservados durante cinco décadas.

A mostra “Avenida 211” irá recordar a atividade profissional do artista António Bolota, engenheiro que revitalizou e deu novos usos temporários a edifícios em renovação, em particular aquele que existiu entre 2004 e 2012, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e que dá nome à exposição, local central para artistas plásticos produzirem e apresentarem o seu trabalho.

Prosseguindo com a ideia de rever as narrativas canónicas do século XX, o programa do MAC/CCB apresentará também uma exposição dedicada à obra do artista e arquiteto paisagista brasileiro Roberto Burle Marx (1909-1994), sobretudo na área pública, e de construção de cidade, convidando uma série de artistas portugueses contemporâneos a pensar no seu legado.

Mais uma vez, a Trienal de Arquitetura de Lisboa irá marcar presença no CCB com a exposição “Lighter”, onde será explorada a questão “Quão pesada é uma cidade?”, lançada pela 7.ª edição do certame, sobre as complexas transformações da cidade e do seu contexto, revelando a sua nova configuração, de dimensão planetária.

Vão continuar patentes a exposição “Intimidades em fuga. Em torno de Nan Goldin” (até agosto), que reúne 36 artistas, principalmente da Coleção Holma/Ellipse, mas também da Coleção Berardo, Coleção Teixeira de Freitas e Coleção de Arte Contemporânea do Estado, e as apresentações dedicadas a Raul Hestnes Ferreira (até abril), Fred Sandback (até março) e Bêka & Lemoine (até abril).

A partir desta última exposição, o MAC/CCB iniciou uma colaboração com a Cinemateca Portuguesa que será alargada à exposição de Chantal Akerman, segundo a programação.