A E-primatur publica “obras de referência” e “grandes clássicos” nunca antes editados em Portugal ou há muito esgotados, segundo Hugo Xavier, que, juntamente com Pedro Bernardo e João Reis, criou este projeto.

Os primeiros livros que conseguiram publicar, em novembro de 2015, graças aos apoios financeiros dos leitores, foram “Os Mutilados”, de Hermann Ungar, livro que encabeçou a lista dos livros a queimar pelos nazis e que, por isso, quase desapareceu, e “O Salão Vermelho”, de August Strindberg, obra que consagrou internacionalmente o escritor sueco, ambos inéditos em Portugal.

Desde então, a editora já publicou mais de 20 livros e tem 10 outros em votação, tendo pela primeira vez projetos sugeridos por leitores.

Um deles propôs-se fazer a tradução de dois clássicos de Guy de Maupassant – “Forte como a morte” já está em votação -, uma especialista em Mário Henrique Leiria, Tânia Martuscelli, contactou a editora para propor a publicação da obra integral deste escritor surrealista e o investigador literário Vasco Rosa sugeriu a publicação de um livro de Raul Brandão a propósito do seu aniversário.

Mas especificamente para editar livros propostos e ajudar autores a publicar, a E-Primatur criou a chancela BookBuilders, que funciona na mesma lógica de angariação de fundos, mas que embora não publique “referências literárias”, só aposta em obras que “considera relevantes” e que o “poderão vir a ser”.

Isso já aconteceu com dois livros: “A caverna de Deus”, de Fernando Esteves Pinto, que no ano passado ganhou o prémio literário cidade de Almada 2016 e “Estoril, um romance de guerra”, livro de Dejan Tiago-Stanković, que venceu o Prémio de Romance da Academia Sérvia de Artes e Ciências 2016 e que, em três meses, já vai na terceira impressão.

A BookBuilders utiliza um mecanismo de 'crowdfunding' para subsidiar os livros, o que considera ser “mais honesto e transparente”, do que pedir dinheiro aos autores para fazer o livro.

“Preferimos que o autor garanta a compra de exemplares através da sua promoção nas redes sociais. Acreditamos que se um livro tem qualidade, o autor, com a nossa ajuda, conseguirá comunicá-lo aos potenciais interessados”, explica a chancela na sua página.