Amber Heard mantém que é ela a vítima de violência doméstica na relação com Johnny Depp.

Após seis semanas de julgamento e o veredito de um júri que decidiu a 1 de junho que difamou o ex-marido, a atriz garantiu num excerto prolongado da primeira entrevista ao canal norte-americano NBC que "até ao dia em que morrer, manterei cada palavra do meu testemunho".

A atriz também mantém que o testemunho de Depp em como nunca a agrediu é mentira.

"Fomos horríveis um com o outro. Cometi muitos, muitos erros. Mas disse sempre a verdade", acrescentou noutro momento.

O ator processou a ex-mulher por um artigo de opinião publicado no Washington Post no qual ela, sem mencioná-lo, se descreve como uma "figura pública representando a violência doméstica". Heard respondeu à ação de Depp após o advogado deste qualificar as suas denúncias de violência como uma "farsa".

O júri de sete pessoas concedeu a Depp mais de 10 milhões de dólares por danos e difamação e 2 milhões a Heard, após um julgamento transmitido em direto que expôs detalhes íntimos da vida do ex-casal de Hollywood.

Amber Heard com os seus advogados, Elaine Bredehoft e Benjamin Rottenborn

"Esta foi a coisa mais humilhante e horrível pela qual alguma vez passei. Nunca me senti tão removida da minha própria humanidade. Senti-me menos do que humana", descreveu na entrevista, que terá outro excerto divulgado na quarta-feira e será transmitida na íntegra na sexta.

Nas deslocações ao tribunal, a atriz também não esquece a experiência de passar diariamente por quarteirões de fãs de Depp hostis e com cartazes de "Queimem a bruxa" e "Morte a Amber".

Descrevendo o julgamento como um exemplo das redes sociais a "enlouquecerem", Heard não tem dúvidas que "o júri não é imune a isso" e que tudo o que aconteceu seria "impossível de evitar" até "pelo mais bem intencionado dos jurados".

Confrontada pela jornalista Savannah Guthrie com a existência de gravações em que admite ter sido violenta, a atriz respondeu que nunca foi a instigadora e foi ela que teve de se adaptar à situação "normal" criada por Depp.

Acrescentou que os áudios foram editados e são provas não da alegada violência, mas de "uma negociação de como falar sobre isso com o teu abusador", não sendo representativos das discussões de duas a três horas em que estava num estado de "extremo sofrimento emocional, psicológico e físico".

Questionada sobre a qualidade da sua equipa de advogados, a atriz preferiu responder que a equipa que defendia o seu ex-marido "fez certamente um trabalho melhor a distrair o júri dos verdadeiros temas".

Respondendo à descrição de Camille Vasquez, advogada de Depp, de que "deu a interpretação da sua vida" durante o depoimento em tribunal, a resposta foi desafiadora: "Diz a advogada do homem que convenceu o mundo que tinha tesouras como dedos", numa referência ao filme do ator "Eduardo Mãos-de-Tesoura", de 1990.

"Ouvi semanas de depoimentos – insinuando isso ou dizendo diretamente que sou uma péssima atriz. Portanto, estou um pouco confusa como poderia ser ambos”, reforçou.

"Não culparia a pessoa comum por olhar para isto e como foi noticiado e não pensar que isto são dois pirralhos de Hollywood no seu pior. Mas o que as pessoas não entendem é que, na verdade, é muito maior do que isso. Não se trata apenas do nosso direito a falar [protegido] na Primeira Emenda" [da Constituição]", disse.

A jornalista interpôs que a Primeira Emenda protege a liberdade de expressão, mas "não protege mentiras que equivalem a difamação, e esse foi o tema no caso”, enfatizando que o que estava no centro do julgamento era a verdade e essa era a missão do júri.

A atriz respondeu com a sua interpretação da Primeira Emenda: "Não é só a liberdade de falar. É a liberdade de falar a verdade ao poder e foi tudo o que fiz. Disse-a ao poder e paguei o preço".

O PRIMEIRO EXCERTO DE 10 MINUTOS.