Quase um mês depois da estreia, "Baby Reindeer" continua a liderar o top da Netflix um pouco por todo o mundo e a conquistar novos espectadores.

Baseada na laureada peça a solo que conquistou o Festival Fringe em Edimburgo, a minissérie de oito episódios inspirada em factos verídicos acompanha o esforçado humorista Donny Dunn (Richard Gadd) na sua relação deturpada com Martha (Jessica Gunning), uma perseguidora que lhe enviou mais de 41 mil emails e deixou horas de mensagens no 'voicemail' e centenas de contactos através do Twitter ao longo de quatro anos.

O impacto que esta ligação tem sobre ele acaba por obrigá-lo a enfrentar um trauma reprimido.

Logo após o sucesso inicial, Gadd e Gunning apelaram aos fãs para evitarem a tentação de descobrir as verdadeiras identidades das pessoas envolvidas.

Várias pessoas foram erradamente acusadas durante a especulação, mas os 'detetives da Internet' conseguiram chegar com sucesso até Martha: trata-se de Fiona Harvey, uma advogada da Escócia que tem manifestado 'online' a revolta sobre a forma como é retratada e deu a primeira entrevista televisiva ao programa "Piers Morgan Uncensored", que será transmitida esta quinta-feira no YouTube às 20 horas britânicas (mesma hora em Portugal).

O ANÚNCIO DO PROGRAMA.

Nas primeiras reações após a série se tornar viral e gerar tanta especulação 'online', um responsável da Netflix ouvido numa comissão do parlamento britânico (citado pelo Deadline) garantiu que a plataforma e a produtora Clerkenwell Films tomaram “todas as precauções razoáveis ​​para disfarçar as identidades da vida real das pessoas envolvidas nesta história”.

Quando um deputado notou que isso não impediu que Martha fosse identificada, Benjamin King, diretor sénior de políticas públicas (tradução literal) respondeu que a Netflix teve que equilibrar a proteção de identidades com a defesa da “veracidade e autenticidade” da produção sobre o que aconteceu a Richard Gadd.

“Não queríamos tornar isso anónimo ou genérico a tal ponto que não seria mais a história dele, porque isso prejudicaria a intenção por trás do programa”, explicou.

E acrescentou: “Em última análise, é obviamente muito difícil controlar o que os espectadores fazem, especialmente num mundo onde tudo é amplificado pelas redes sociais. Pessoalmente não me sentiria confortável com um mundo em que decidíssemos que seria melhor que Richard fosse silenciado e não tivesse autorização para contar a história”.