"Dune: Prophecy" estreou-se a 18 de novembro na plataforma Max e tem conquistado os espectadores. A produção tem lugar no vasto universo de "Dune" criado pelo aclamado autor Frank Herbert e funciona como uma prequela televisiva da atual saga cinematográfica de Denis Villeneuve: a história decorre dez mil anos antes da ascensão de Paul Atreides (papel de Timothée Chalamet nos dois filmes feitos até agora).
A nova série, inspirada em "Sisterhood of Dune" (de Brian Herbert e Kevin J. Anderson), segue duas Irmãs Harkonnen enquanto elas combatem forças que ameaçam o futuro da humanidade e estabelecem a lendária seita que se tornará conhecida como Bene Gesserit.
Na primeira temporada, Aoife Hinds dá vida à Irmã Emeline, que acredita na beleza do martírio. Já Faoileann Cunningham veste a pele da Irmã Jen, que levanta mais duvidas sobre a Irmandade. Em conversa com o SAPO Mag, as atrizes falaram das diferenças entre as suas personagens.
"O que me chamou a atenção na Emeline foi o facto de ela ter um verdadeiro propósito. Foi um desafio para mim porque não tive uma educação religiosa e ela, obviamente, teve uma forte educação com base na religião. Todo o seu sentimento de propósito de vida é de partilhar os seus valores, as suas crenças. Achei muito interessante tentar entrar na mentalidade dela e ver qual seria o nosso terreno comum. Além disso, acho que há algum mistério em torno dela, o que é sempre interessante quando estás a interpretar", explica Aoife Hinds.
Na conversa com os jornalistas via Zoom, Faoileann Cunningham confessa que sentiu o mesmo. "Sou o oposto da minha personagem, na verdade. Quando estava a crescer, era muito bem-comportada e bastante conformista na escola e em situações semelhantes. Foi muito divertido interpretar alguém que não é assim. Em todas as cenas, acho que tive a oportunidade de ir contra a corrente", revela.
"Depois, numa perspetiva mais ampla, a nível pessoal, fiquei muito interessada na forma como podemos controlar os nossos próprios corpos, como podemos usar a nossa mente para regular o sistema nervoso, as nossas emoções e canalizar tudo isso para alcançar uma força maior", acrescenta a atriz que veste a pele da Irmã Jen.
"Os fãs são tão incríveis que ajudaram a construir este mundo"
O universo de "Dune" é vasto e, capítulo após capítulo, Aoife Hinds e Faoileann Cunningham têm ficado surpreendidas com as várias camadas da história. "Como atores, chegamos a um ponto de saturação ao tentar absorver tudo, porque é infinito. É simplesmente interminável. É algo incrível", defende a atriz que interpreta a Irmã Emeline.
"Não é bem como qualquer outra ficção científica ou outra antologia de livros. Há uma quantidade infinita de informação. Os fãs são tão incríveis que ajudaram a construir este mundo. Chegámos a um ponto em que tivemos de abandonar essa tentativa de saber tudo, acho eu. Tentámos focar-nos muito mais nas relações humanas e na sua complexidade. Isso é algo que me atrai bastante — as contradições e as diferentes versões do ser humano. Acho que isso se reflete em muitas cenas", explica Aoife Hinds.
A atriz conta ainda que "já viu os filmes umas 10 vezes". "Cada vez que os vejo, sinto uma espécie de paz interior ao ser tão profundamente absorvida por aquele mundo. Acho incrível que, com esta série, temos a oportunidade de fazer isso durante seis horas", acrescenta.
Para Faoileann Cunningham, ao longo dos episódios, os espectadores também "sentem o mistério" em torno das personagens. "Podem colocar-se no lugar destas personagens, que estão a tentar perceber tudo à medida que avançam. E, pouco a pouco, tudo se vai desvendando, e cada detalhe contribui para a dimensão de tudo o que está a acontecer", adianta.
"E sim, acho que isso é algo realmente fantástico: seguir estas personagens e perceber que, no fundo, todos estamos a tentar descobrir o nosso caminho enquanto seguimos em frente. Isso está relacionado com o lado humano da história, como navegamos por isso e toda a complexidade que isso envolve", acrescenta a atriz.
Os desafios físicos e as cenas mais difíceis
Para se preparar para o papel, o elenco passou por alguns treinos físicos para as cenas mais exigentes. "Fizemos um treino de acrobacias que foi muito, muito divertido. Mas tivemos um dia louco em que gravámos a cena do episódio um, onde estamos todas junto a um penhasco, em posições complicadas e tivemos de nos manter assim durante muito tempo, enquanto as máquinas de chuva estavam a trabalhar. E é como: 'ok, certo, conseguimos fazer isto'. Então, a chuva começa - primeiro, eles colocam uns chuviscos leves e depois vão aumentando a intensidade da chuva pouco a pouco, até se tornar cada vez mais intensa. E, depois, ligam as máquinas de vento. Então, ficas a levar com chuva na cara como se estivesses a ser esbofeteada", recorda Aoife Hinds.
"Fomos levadas ao limite, sem dúvida. Quero dizer, até mais do que se vê ao longo da série, considerando o treino intenso que todas fizemos juntas. Mas isso foi incrível, porque criámos laços ao ver umas às outras a aprenderem a fazer um mortal para trás. Foram dias fantásticos", acrescenta Faoileann Cunningham, sublinhando que "tecnicamente, foi uma experiência interessante".
"Acho que vai ser muito divertido, mais à frente, ver como tudo se desenvolve, porque pode haver coisas que te vão fazer pensar: "Ah, eles estavam muito zangados naquela cena. Estavam muito chateados. Mas, na verdade, há um jogo maior que está a ser jogado", remata a atriz.
Comentários