Segundo Pedro Ramos, “registava-se já uma afluência maior dos portugueses, que veio a ser refreada com este discurso da crise que afastou alguns clientes portugueses habituais”.

“Caso a vitória se confirme, como esperamos, talvez dê mais vontade às pessoas, nomeadamente aos portugueses, de virem passar uma noite aos fados”, prognosticou.

O restaurante O Faia, no Bairro Alto, em Lisboa, foi fundado em 1947 pela fadista Lucília do Carmo como Adega da Lucília, tendo passado por sucessivas gerências.

A partir de dezembro integrará no seu cartaz o fadista Ricardo Ribeiro, Prémio Amália Rodrigues Melhor Intérprete 2011. Atualmente cantam n’O Faia, Lenita Gentil, António Rocha, Anita Guerreiro e Ana Marta, distinguida este ano com o Prémio Amália Revelação, acompanhados à guitarra portuguesa por Fernando Silva e à viola por Paulo Ramos.

“Para a prática fadista, a curto e médio prazo”, a possível vitória da candidatura portuguesa “não irá alterar muito, e não impulsionará um novo 'boom' de valores como aconteceu há uma década”, considerou Pedro Ramos.

Para o empresário, “registou-se um 'boom' de novos valores por volta do ano 2000, logo após a morte de Amália Rodrigues [a 06 de outubro de 1999]” e considerou que “esse 'boom' está até, de certa forma, como causa desta candidatura”.

Pedro Ramos afirmou que “neste âmbito as casas de Fado têm sido bem tratadas”.

“Nós vamos continuar a fazer o trabalho que fazemos há muito tempo: dar Fado na cidade do Fado. Somos o único equipamento que apresenta Fado todos os dias”, concluiu.

Hoje, num comunicado enviado à Lusa, o restaurante Fado Maior recordou uma promessa feita em 2004 pelo então presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes, quando do lançamento da ideia da candidatura a património da Humanidade, de redução da carga fiscal às casa de Fado.

“Durante todo o processo da candidatura, de qual a Câmara esteve sempre a par, nunca mais se voltou a referir este facto [...] do tal alívio da carga fiscal”, lê-se no comunicado que adianta ainda não se ter reconhecido “o serviço que as casas de Fado prestam à Cultura”.

No mesmo comunicado salienta-se que os empresários das casas de Fado não são meros agentes comerciais mas apresentam “um produto que é a identidade de uma cidade, de um país, de um povo!”.

A candidatura do Fado a Património Imaterial da HUmanidade foi apresentada pela Câmara Municipal de Lisboa através da EGEAC/Museu do Fado, em junho de 2010, e será votada no VI Comité Inter-Governamental da Convenção da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), que decorre desde terça-feira em Bali, na Indonésia.

A candidatura portuguesa está entre as sete recomendadas pelo comité de peritos da UNESCO, ao lado do conhecimento dos jaguares, pelos xamãs da tribo ameríndia colombiana Yurupari, da música Mariachi, do México, das danças Nijemo Kolo da Dalmácia (Croácia), da música e dança tsiattista do Chipre e da cavalgada de reis da Morávia (República Checa).

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