"Estão felizes?", perguntou Jorge Benvinda a meio da actuação dos Virgem Suta no Cinema São Jorge, em Lisboa. Como resposta, grande parte do público nem hesitou e deixou um prolongado "sim" que se espalhou por toda a sala. "Nada mal para uma altura de crise", comentou o vocalista da dupla num dos vários momentos em que desenvolveu a sua faceta de mestre de cerimónias - contrastando com a postura mais recatada do guitarrista Nuno Figueiredo.
Protagonista de um concerto muito concorrido - não esgotou, mas terá faltado pouco -, o duo teve, além de vários adeptos, a companhia de quatro músicos (o formato mais alargado do projecto) nesta apresentação do seu disco de estreia homónimo. O álbum, lançado no ano passado, conheceu já duas reedições e é um dos mais conseguidos numa tendência que parece ter vindo para ficar: o cruzamento entre linguagens pop-rock e alguma herança da música tradicional portuguesa.
E se em disco as canções funcionam bem, em palco o cenário não foi diferente. Bem humorados, pitorecos q.b. e leves, mas não ocos, os temas dos Virgem Suta garantiram uma festa onde não faltou um brinde ao público - e aos avós - em "Dança de Balcão" ou a participação especial de dois convidados.
"Vou chamar um amigo com quem partilho um instrumento: eu uso-o para serrar, ele para tocar", esclareceu Benvinda ao anunciar a entrada em palco do tocador de serrote Edgar Guerreiro.
A outra colaboração, não instrumental mas vocal, também teve direito a vários aplausos. E mais uma vez Benvinda foi esclarecedor. "Fiquem a saber que eu sou muito mais fã da Manuela Azevedo do que vocês", bricou ao apresentar a vocalista dos Clã, que colaborou com os Virgem Suta na nova versão de "Linhas Cruzadas".
Além deste tema, "Homem do Mundo" ou "Tomo Conta Desta Tua Casa", o primeiro single da dupla, resultaram particularmente bem, ainda que nenhum tenha feito tão bem a transição entre o quintal e a discoteca como "Vovó Joaquina". Servida com batidas quase techno antes do encore e repetida já no final, numa versão mais despojada, a canção é uma homenagem à avó do vocalista. "Vamos fazer uma festa", cantou Benvinda ao longo do tema. Mas a festa já tinha arrancado quase hora e meia antes. E foi daquelas capazes de deixar uma avó orgulhosa do seunetinho.
A banda conta a sua história ao SAPO Música:
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