Num Pavilhão Atlântico repleto de amigos do artista, Carlos do Carmo, acompanhado pela lendária Count Basie Orchestra, cantou alguns clássicos de Frank Sinatra. Esta é a segunda vez que o fadista é convidado a relembrar o ícone da música popular americana.
Carlos do Carmo subiu ao palco perante um público respeitoso, com muitas caras conhecidas da nossa praça. João Pedro Pais, Ruy de Carvalho e Luis Represas foram apenas algumas das pessoas que se reuniram nas primeiras filas para verem o fadista.
Acompanhado pela Count Basie Orchestra, que já existe há 75 anos e cujo papel é perpetuar mundo fora o trabalho de Frank Sinatra, Carlos do Carmo mostrou que ainda é dono de um prodigioso aparelho vocal. Num inglês perfeito, sem dançar, mas com um olhar comunicativo e intimista, o fadista arrancou sorrisos da audiência ao cantar «Heaven, I’m in Heaven…»
A primeira parte terminou com uma composição da original da orquestra. Aí, o jovem maestro remeteu-se à lateral do palco e assistiu, visivelmente orgulhoso, a sua banda a tocar. Baixo, bateria, piano, trompetes… numa coordenação perfeita, que dá gosto observar, trabalham em equipa para que a conjugação dos instrumentos seja capaz de surpreender e despertar diferentes sentimentos a cada compasso. Uns são visivelmente jovens, outros são do tempo de Sinatra com lugar cativo há cerca de quarenta anos. No fundo, são grandes profissionais a quem é dado, durante o concerto, o merecido destaque, materializado em solos emocionantes.
«Para setenta anos é muita festa»
Foi assim que Carlos do Carmo caracterizou os últimos tempos da sua vida, acompanhado por uma produtora «com uma equipa jovem e muito maluca».Este é apenas um dos projectos em que o fadista se envolveu, mostrando uma energia renovada para enfrentar qualquer desafio.
O artista fala de cada momento importante como a concretização de mais um sonho. O primeiro, que arranca um aplauso da tímida plateia, foi a entrega da Candidatura do Fado a Património Mundial, à UNESCO. A segunda, já com menos teor patriótico foi poder cantar, no Festival do Douro, para uma diva da sua juventude: Sophia Loren. Por fim, e porque não se pode perder tempo, está a chegar às prateleiras o seu novo trabalho com o pianista Bernardo Sassetti.
É face ao carinho do seu público, que se pôs de pé para o aplaudir, que se lança num último desafio: depois de uma hora em cima do palco, volta para cantar «Lady is a Tramp». Já menos tímidas, as pessoas sorriem e acompanham baixinho esta pequena provocação musical daquele que o fadista disse ser um dos principais responsáveis por ele se ter tornado músico: Francis Albert Sinatra.
@ Inês Fernandes Alves
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