Devido aos incêndios, muitos eventos da semana dos Grammys foram cancelados, incluindo festas de destaque organizadas pelas principais editoras discográficas e empresas como o Spotify.
No entanto, Harvey Mason Jr., diretor da Academia de Gravação, que organiza os Grammys, afirmou que a cerimónia decorrerá conforme planeado na Crypto.com Arena, “em estreita coordenação com as autoridades locais”, com o objetivo de angariar fundos para ajudar no combate aos incêndios florestais.
Os incêndios destacaram o braço filantrópico da Academia, a MusiCares, que afirma já ter distribuído milhões de dólares em ajuda de emergência.
Nesta sexta-feira, a MusiCares realizará o seu baile de gala anual pré-Grammys — este ano em homenagem à banda The Grateful Dead — reunindo as principais personalidades do setor, onde os esforços de ajuda humanitária e a homenagem aos bombeiros terão prioridade.
Os principais promotores de eventos, Live Nation e AEG Presents, estão a organizar concertos de beneficência para o FireAid, com a participação de grandes nomes como Lady Gaga, Billie Eilish, Dave Matthews e John Mayer.
A Recording Academy está “entusiasmada com o facto de tantos artistas da nossa comunidade se estarem a unir neste momento para demonstrar apoio aos seus colegas músicos e a outras pessoas afetadas pelos recentes incêndios florestais”, disse Mason.
O paradoxo de Beyoncé
Beyoncé e o álbum "Cowboy Carter", que enaltece a cultura dos cowboys negros, lideram as nomeações para os Grammys deste ano, com 11 possibilidades de vitória.
A estrela já é a artista mais nomeada e premiada da história dos Grammys, mas também a mais ignorada: nunca venceu os galardões de Álbum do Ano e Gravação do Ano, os mais prestigiados da cerimónia.
"Cowboy Carter" é o seu quinto álbum de estúdio a disputar o prémio principal. Taylor Swift, que já venceu quatro vezes, está entre as suas principais rivais na categoria.
Billie Eilish, outra concorrente habitual, tem sete nomeações, enquanto Charli XCX (oito), Sabrina Carpenter (seis) e Chappell Roan (seis) também estão na corrida para prémios importantes.
A estrela do hip-hop Kendrick Lamar — cujo conflito com Drake originou "Now Like Us", uma das músicas mais virais do ano — recebeu sete nomeações, enquanto Post Malone, que recentemente colaborou com Beyoncé e Swift, conta com oito. Ambos são destaques nas categorias principais.
O facto de Beyoncé nunca ter vencido os grandes prémios reavivou as críticas de que a Academia tende a desvalorizar o trabalho de artistas negros.
"Cowboy Carter" é uma ousada e ambiciosa homenagem às suas raízes sulistas, questionando a indústria da música country, que há muito tempo promove uma visão rígida do género, predominantemente branco e masculino.
A relação por vezes tensa de Beyoncé com os Grammys “ilustra realmente as falhas na forma como as organizações pensam sobre estilo e género, especialmente no que toca à raça e ao género”, afirmou a musicóloga Lauron Kehrer.
“Acho que seria positivo se os Grammys mostrassem um pouco mais de empenho para lá da esfera pop branca” nas categorias principais, disse à AFP.
A Academia tem tomado medidas para expandir e diversificar o seu grupo de votantes nos últimos anos, o que, segundo Kehrer, significa que “temos mais perspetivas a serem consideradas”.
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