Roberta Sá assume-se sem medos como intérprete, não como cantautora. Por isso, não é de estranhar ouvir na sua voz velhos conhecidos, como Chico Buarque. Na casa dos 20 anos, descoberta num dos muitos programas que prolifera pelo Brasil em busca de novos talentos, é a típica brasileira da MPB (Música Popular Brasileira), nomeadamente do samba.
Voz doce, alegria, muita, Roberta Sá foi conseguindo conquistar aos poucos um povo bem mais recatado que o sul-americano. O concerto na Aula Magna estava longe de estarcheio e se ao princípio poucas foram as manifestações, no final a sala não se conteve e deixou-se levar em dois sambas electrizantes, como se o espaço se tivesse transportado para o Brasil.
O vestido que usa nos concertos, um só, cor-de-rosa, transforma-se em três ao longo do espectáculo, um pouco à semelhança do que faz com velhos clássicos: reinventa, dá um pouco de si, sem retirar, contudo, a essência. Não é uma artista a que se chame original, mas gosta do que faz e tem presença, atributos suficientes para cativar.
Neste concerto, convidou um músico português, também ele “reinventor” do fado, António Zambujo, com quem interpreta duas músicas, um fado e um samba. Uma fusão perfeita entre a nova geração lusa e a nova geração de “terras de Vera Cruz”.
Roberta Sá ainda não tem muito público por cá, mas é uma cantora saborosa de ouvir, contagiante, que deixa o público incapaz de não bater o pé ou “abanar os quadris”.
Texto e fotos @Inês Henriques
"Samba de Amor e Ódio":
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