Foi ao som de sintetizadores e guitarradas electrónicas que o Coliseu do Porto abriu as portas no passado domingo, 20 de Junho. Ao palco subiam os franceses Nicolas Godin e Jean- Benoît Dunckel, mais conhecidos por
Air.

O público amontoado em frente ao palco não teve de esperar muito até a música começar a soar pela sala de espectáculos. Os sons estridentes do sintetizador de JB Dunckel fizeram-se ouvir durante o tema de abertura,
Do the Joy.

A partir das 21h40, os
Air embalaram os espectadores numa viagem pelo mundo da música electrónica, que só acabaria quase duas horas depois. O espectáculo decorreu entre um compasso de temas ora mais calmos, ora mais frenéticos. O rock n’ roll marcou presença em temas como
So Light is Her Footfall, que lembrou guitarradas semelhantes às de grupos como os Pink Floyd. Depois da tempestade, veio a bonança com a sensualidade e calma do tema
Love.

Após proferir as palavras “obrigado” e “merci”, em voz de sintetizador, Nicolas perguntou ao público se estava pronto, para aquilo que seria uma viagem directa para
Venus, planeta descrito, através da sonoridade da música, como sendo o corpo celeste mais bonito de todo o sistema solar. Antes de nos dirigirmos ao planeta do amor, os
Air envolveram-nos numa sonoridade especial, quase alienígena, com o tema
Remember.

Ao voltar ao Planeta Azul, mergulhámos directamente no oceano, percorrendo todos os oceanos debaixo de água, ao som do tema
J’ai dormi sous l’eau. Depois da viagem ao oceano, assentámos os pés em terra firme, com sonoridades menos voláteis como as de
Missing the Light of The Day, onde Nicolas se perdeu num solo de guitarrada eléctrica que parecia não ter fim.

Talvez devido à acústica da sala, a voz de JB Dunckel soava mais afinada e aguda ao vivo do que nas músicas de estúdio, de temas com
People in the City e
Don’t be Light.

Durante o concerto fomos iluminados pela luz da lua, o sol raiou, caiu neve e fomos projectados para o interior de um vortex. Tudo sensações transmitidas, não só através da música, mas principalmente através dos efeitos visuais.

Perto do final do concerto, os ânimos do público começaram a exaltar com as músicas
Talisman e
How Does it Make You Fell, fazendo a vez do baterista com palmas das mãos, na primeira, e cantando com dois franceses o refrão da segunda. Mas o canto do público só foi posto à prova com a música
Alpha Beta Gaga, após Nicolas os desafiar a assobiar aquele tema.

A plateia teve o privilégio de observar as estrelas junto a Kelly, enquanto a banda tocava
Kelly watch the Stars. Quando o concerto atingiu o seu clímax, o duo francês retirou-se do palco. O público, com sede de mais música, chamou pela banda e bateu os pés no chão de madeira, dando a sensação de que se aproximava um exército de soldados descoordenados. Talvez por terem ficado intimidados, ou simplesmente por se terem rendido à simpatia do público português, os
Air voltaram ao palco.

Heaven’s Light,
Sexy Boy e
La Femme d’Argent serviram para deixar a audiência, que não chegou a encher a sala de espectáculos, ao rubro. Após tocarem 20 temas, não só do seu no álbum mais recente, “Love 2”, mas também de discos como “Moon Safari” e “10.000 Hz Legend”, os franceses despediram-se de vez.

Ao sair do Coliseu, as caras dos fãs da banda, formada em 1995, pareciam desanimadas, talvez pela rapidez com que o concerto acabou ou pela fraca interacção do grupo com o público. De qualquer forma, só não viajou quem não quis, isto porque os
Air deram-nos um bilhete de ida para o espaço.

Confere aqui o alinhamento do concerto dos
Air:

Do the Joy
So Light is Her Footfall
Love
Remember
Venus
J’ai dormi sous l’eau
Missing the Light of The Day
Tropical Disease
People in the City
Don't be Light
Radian
Cherry Blossom Girl
Be a Bee
Talisman
How Does it Make You Feel
Alpha Beta Gaga
Kelly Watch the Stars
Heaven’s Light
Sexy Boy
La Femme d’Argent

Confere aqui um vídeo com os melhores momentos do concerto dos
Air:

Confere aqui as fotografias do concerto dos
Air:

Melanie Antunes

Fotografia: Miguel Pereira