A edição portuguesa do álbum “Coisa Boa” é o pretexto para os concertos de Moreno Veloso na sexta-feira no cinema São Jorge, em Lisboa, e no sábado no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, Açores.
“Coisa Boa” é o primeiro álbum que edita depois da dissolução do grupo + 2, que tinha liderança rotativa, com Domenico Lancelotti e Alexandre Kassin. O grupo durou dez anos e gravou três álbuns: “Máquina de escrever música” (2000), “Sincerely Hot” (2003) e “Futurismo” (2006).
Moreno Veloso é um músico pouco disciplinado e sem pressas. "Coisa Boa” demorou a ser composto e a ser gravado e a sua criação coincidiu com uma mudança do Rio de Janeiro para Salvador da Bahia, de onde é originária a família, como explicou o músico à agência Lusa.
Foi na Bahia que o músico e produtor Pedro Sá lhe disse que tinha chegado a hora de fazer um disco. “Eu fui empurrado, mas com muito gosto. A minha natureza não é muito expansiva, sou mais tímido e não sinto uma necessidade tão forte de ter que ir para a rua e mostrar as minhas coisas. Mas quando isso acontece, mesmo que seja com um empurrãozinho dos amigos, eu fico feliz”, contou Moreno Veloso.
Apesar de a mudança para a Bahia ter sido uma coincidência com a preparação do disco, Moreno Veloso fala na influência direta de uma coisa na outra.
“O facto de ter ido morar para Bahia reaproximou muito mais essa antiga infância da minha vida, porque foi lá que passei a minha primeira infância. A sensação de estar naquela terra com os meus filhos foi muito enriquecedora e isso sente-se dentro do disco. Se sente a presença da cidade de Salvador, a cultura da música baiana dentro do disco, o ritmo faz parte da delicadeza do som”, explicou.
Ao assinar sozinho um disco, Moreno Veloso, de 42 anos, assume maior responsabilidade, mas não se sente posto à prova. “Eu me sinto contribuindo com a música e, no caso da minha família, me aproximando do ambiente familiar, porque é muito musical. Me sinto aproximando dos meus primos, dos meus tios, do meu pai, dos meus avós”, referiu.
O músico é discreto, mas carrega uma herança que vem desde o berço. É o filho mais velho de Caetano Veloso, sobrinho de Maria Bethânia, afilhado de Gal Costa, e habita desde cedo e de forma natural nesse caldeirão da música brasileira dos últimos 40 anos.
Formado em Física, Moreno Veloso é compositor e produtor. Integra a Orquestra Imperial, escreveu para Adriana Calcanhotto e Roberta Sá, já produziu para o pai e acaba de assinar a produção de um novo álbum de Gal Costa.
@Lusa
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