Não se deixando intimidar no meio de uma tradição ligada aos homens, este grupo de quatro jovens mulheres depressa descobriu que é possível manter os costumes mas aliando-os a uma nova «roupagem», com novos elementos.

Segundo Susana Ruano, o gosto pela música tradicional e pelas gaitas de foles, aliado ao conhecimento da música tradicional, levou à constituição do grupo.

No entanto, antes das Las Çarandas houve outras experiências que não foram para a frente devido às vidas de profissional de cada uma das intervenientes.

«Esta é uma forma de juntar o útil ao agradável. Juntámos a amizade que nos une ao gosto pela música tradicional», diz a instrumentista.

As instrumentistas acreditam que não estão a dar uma «pedrada no charco» e adiantam que estão ser bem recebidas por onde passam, não sendo olhadas de lado pelos gaiteiros mais velhos da região.

«Temos tido muito apoio dos novos e dos mais antigos gaiteiros», diz Diana Caramelo.

O repertório da formação assenta nos elementos comuns da música tradicional de Miranda, que é executado com recurso as instrumentos padronizados como é caso das gaitas de foles mirandesas.

«O nosso reportório é também elaborado em função das danças em cada apresentação, arruada ou espetáculo», frisa Ana Guerra, outra dos elementos do grupo.

Um dos elementos da formação costuma ajudar o público a dar os primeiros passos das danças tradicionais, como forma de cativar os presentes no terreiros ou nos salões onde decorrem as atuações da formação feminina e isso ajuda a que o público se torne mais participativo nos espetáculos.

Apesar de existirem apenas há pouco mais de um ano, a formação tem projetos concretos para futuro, de modo a afirmar-se e tornar-se um grupo de referência da cultura mirandesa.

«A fonte de inspiração das Las Çarandas é a sensibilidade de cada uma das intervenientes», acreditam as quatro instrumentistas.

Apesar da crise, 2012 terá de ser o ano de afirmação de um grupo feminino que aposta na genuidade de gaita mirandesa e o futuro poderá passar pela gravação de um disco.

Para além de toda a componente musical aliada à coreografia dos espetáculos de Las Çarandas, o grupo tem ainda um cuidado especial com o vestuário com que se apresenta.

«Quisemos que as nossas roupas tivessem um parte da tradição mirandesa, onde o burel é a base, aliado um corte moderno», acrescenta Susana Ruano.

No que diz respeito aos instrumentos, estes são construídos por artesãos mirandeses.

As gaiteiras do planalto mirandês são representadas pela Associação Cultural Lérias.

O nome mirandês Çarandas advém de um artefacto agrícola, que em português se chama crivo e que era muito utilizado em várias tarefas, como, por exemplo, para separar o grão da palha.

As Las Çarandas são Raquel Teixeira (Gaita Foles), Suzana Ruano (Gaita de Foles), Diana Caramelo (Caixa de Guerra), Nina Repas/Ana Guerra ( Bombo).

SAPO c/ Lusa