No início da audiência desta quarta-feira, um dos procuradores, Aaron Ginandes, anunciou que houve a apresentação tardia de seis mil páginas de correspondência entre certos protagonistas do caso que colocavam em dúvida a sua solidez para continuar.

O juiz Curtis Farber validou a retirada das acusações e criticou duramente a atitude de Don Henley, testemunha-chave no julgamento como fundador, cantor e baterista da banda Eagles.

Ao examinar a troca de correspondência, o juiz considerou que "Henley e [Irving] Azoff", empresário dos Eagles, "utilizaram o seu direito [ao sigilo profissional entre cliente-advogado) para se protegerem de um contra-interrogatório detalhado e completo", disse o juiz.

"Está claro que as duas testemunhas e os seus advogados [...] utilizaram este direito para obscurecer e ocultar informação que achavam prejudicial para a sua postura de que os manuscritos foram roubados", acrescentou.

O magistrado considerou, ainda, que os procuradores foram "aparentemente manipulados".

Os três acusados eram Craig Inciardi, ex-curador do museu do Hall da Fama do Rock and Roll de Cleveland, o comerciante de livros raros Glenn Horowitz e Edward Kosinski, colecionador. Todos eram acusados por adquirir e tentar revender em leilão os manuscritos, mesmo sabendo da sua suposta origem duvidosa.

O caso remonta ao final da década de 1970, quando o grupo de rock californiano contratou um escritor para produzir uma biografia. Para isso, confiaram ao autor uma centena de notas manuscritas que fizeram parte do álbum mundialmente famoso "Hotel California" e a sua canção homónima.

O escritor nunca devolveu as páginas, o que para Don Henley constituía um roubo. Não é o que pensa a defesa do escritor, que ressaltou que o seu cliente não estava a ser processado no julgamento.

Segundo a acusação, os manuscritos foram vendidos em 2005 a Glenn Horowitz, que depois os revendeu a Craig Inciardi e Edward Kosinski.

Anos depois da separação da banda, Henley viu algumas páginas à venda na internet e, depois de entrar em contacto com o seu advogado e "dar várias voltas", acabou por as comprar por 8.500 dólares.

Era a forma "mais eficiente" e "prática" de "recuperar o que me pertencia", argumentou o músico.