
“O disco está estruturado em quatro histórias de quatro autores - um deles sou eu, e os outros, meus contemporâneos, são o José Fialho, o Pedro Campos e o João Monge -, mas, ao contrário do CD, em que as letras são sequenciais, no palco irei cruzá-las”, disse à Lusa o fadista.
“As letras do João Monge serão cantadas no meio dos músicos, enquanto [durante] as do José Fialho, estarei sentado numa cadeira no canto do palco; as minhas, cantá-las-ei à frente dos músicos e, com as do Pedro Campos, caminharei pelo palco”, explicou Helder Moutinho, referindo que irá alternar cada um dos autores, criando uma "dinâmica no espetáculo".
Do alinhamento faz também parte o “Fado da Bia”, de Fernando Tordo, único tema solto do álbum, que "apareceu depois de tudo feito, e é uma homenagem à [fadista] Beatriz da Conceição, diferente das habituais, isto é, sem cantar os fados dela”, explicou.
Além dos temas de “1987”, o fadista afirmou à Lusa que irá “apenas cantar dois extras, o Fado Isabel, de Fontes Rocha, com uma letra do João Linhares Barbosa, e o Fado Bailado, de Alfredo Marceneiro, com uma letra de Henrique Rêgo”. Referindo-se ao disco, o fadista afirmou que “funcionou como um íman, na medida que umas coisas foram atraindo outras”.
Na origem do álbum esteve uma conversa com o letrista João Monge, durante a qual este deu conta a Helder Moutinho preferir escrever um disco ou uma sequência de letras, em vez de apenas uma letra. “Ora, então propus-lhe escrever quatro letras, contando uma história, às quais juntava outras quatro que eu já tinha de minha autoria; depois o Pedro Campos disse-me que gostava muito de escrever para mim, e o Monge indicou-me o José Fialho, de quem sou amigo, mas que não calculava que escrevia, e de forma tão fadista”, contou.
Helder Moutinho, cujo álbum “Luz de Lisboa” lhe valeu um Prémio Amália, afirmou que ficou “muito contente por haver pessoas a quererem escrever” para a sua a voz.
No palco do S. Luiz, com o fadista, vão estar os músicos Ricardo Parreira, na guitarra portuguesa, Marco Oliveira, na viola, e Ciro Bertini, na viola baixo.
O álbum “1987”, gravado no Palácio dos Marqueses de Tancos, no bairro lisboeta da Mouraria, é produzido por Frederico Pereira, e foi editado em finais de janeiro. A maioria das composições são originais tendo o fadista registado apenas duas melodias tradicionais, o Fado Menor (popular) e o Esmeraldinha, de Júlio Proença. As composições inéditas são assinadas por autores como João Gil, Marco Oliveira, Frederico Pereira e o próprio Helder Moutinho. Pedro Campos assina todas as músicas das suas letras.
Helder Moutinho, 44 anos, gravou o primeiro álbum, “Sete fados e alguns cantos”, em 1999, cinco anos depois da sua estreia como fadista. Além de intérprete e poeta, cantado por outros fadistas, nomeadamente Maria Amélia Proença, Joana Amendoeira ou Marco Oliveira, Helder Moutinho é também produtor musical e agente artístico, organizando, entre outros eventos, as noites de fado no Castelo de S. Jorge, em Lisboa, por ocasião das Festas da Cidade.
@Lusa
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