O concerto da noite de ontem no Lux foi certamente mais convidativo do que o de Outubro de 2009 na Galeria Zé dos Bois, que assinalou a primeira passagem dos Fuck Buttons por palcos nacionais. Neste regresso houve espaço para dançar, um som não tão hostil para os tímpanos mais sensíveis e menos litros de suor libertados ao longo de quase hora e meia.
Mas à excepção deste contexto, o que de facto interessa - a música - não sofreu alterações de maior. O que até foi bom, já que Andrew Hung e Benjamin John Power fizeram alguma da electrónica experimental mais estimulante dos últimos tempos, embora a tenham servido em moldes demasiado semelhantes aos do concerto anterior.
Se as composições dos Fuck Buttons são muitas vezes extremas, apostando numa colisão de melodia e ruído, o alinhamento não se mostrou tão desnorteante, copiando quase a papel químico o da actuação na ZDB e, sobretudo, mantendo as versões das canções ao vivo muito próximas do que se ouve no disco (o que está longe de ser mau mas fica aquém do risco associado à dupla de Bristol).
Ainda assim, a noite proporcionou alguns momentos com uma intensidade bem acima da média numa actuação sem pausas até ao encore. "Surf Solar" confirmou o que já se sabia - ou seja, que é mesmo um single tão invulgar quanto fantástico -, "Space Mountain" mostrou que os Fuck Buttons fazem bem a ponte entre o trepidante e o contemplativo e "Sweet Love for Planet Earth", a fechar, aproximou-se daquilo a que soaria uma caixinha de música caso desatasse a disparar raios laser. Mas num eventual regresso do duo, espera-se que estes e outros disparos causem mais estragos.
Videoclip de "Surf Solar":
Videoclip de "Bright Tomorrow":
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