Em "My beautiful dark twisted fantasy", Kanye West saúda Alá e a marca Prada, reconhece que passou de "querido a odiado" e não tem dúvidas de que se Deus tivesse um iPod estaria na sua playlist.

O sucessor de “808s & Heartbreak” (2008) é um álbum que traz de volta a arrogância, humor, fantasia, crueza e poesia urbana de Kanye West. O rapper afastou-se durante algum tempo dos holofotes, depois de alguns incidentes: em plena cerimónia de entrega de prémios da MTV arrancou a estatueta das mães de Taylor Swift (o melhor vídeo era da Beyoncé, gritou Kanye), separou-se da namorada e a mãe faleceu. Kanye West decidiu desaparecer por uns tempos.

Nas redes sociais - twitter e facebook – Kanye West foi deixando pistas acerca do novo álbum que estava a preparar. Chegou a ser avançado que o título seria “Good Ass Job”. Um disco ao estilo best of, bebendo do melhor que Kanye foi fazendo nos últimos anos, em que o hip-hop é apenas um dos apetrechos: aqui há electro-rock, disco, pop, R&B e conta com uma lista extensa de convidados: Jay-Z, Nicki Minaj, Kid Cudi, Justin Vernon dos Bon Iver's Justin Vernon, Rhianna, entre outros.Até Chris Rock dá uma perninha numa chamada telefónica incluída no tema “Blame Game”.

Há ainda excertos de Mike Oldfield, um sample de Black Sabbath, no tema “Power” um excerto do tema "21st Century Schizoid Man” dos King Crimson e em “All of the Light’s” o piano de Elton John.

São treze faixas plenas de contestações e exageros, que têm dado a "My beautiful dark twisted fantasy" opiniões e críticas divergentes: o site Pitchfork classificou-o como o melhor do ano, com uma pontuação de 10 em 10, assim como a revista Rolling Stone. Já o britânico The Guardian arrasou o disco e o próprio Kanye West, acusando de ser só aparência de grandiosidade com muito pouco conteúdo.

Kanye West não passa despercebido, isso é certo. E este disco também não. Temas como “Power”, "Hell of a life", "All of the Lights" (que inclui uma alusão à morte do Rei da Pop, Michael Jackson) não ficam só no ouvido, mas na memória. Tal como “Runaway” em que Kanye faz uma espécie de acto de contrição: diz às mulheres para fugirem dele eadmite que às vezes é um otário. Mas um otário com talento.

Videoclip de "Power":

Videoclip de "Runaway":

@Vera Moutinho