O espaço centenário, pertencente à Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, é gerido há 12 anos pela associação cultural Alma Danada que restaurou o edifício situado na zona velha de Almada e o dedicou à música.
Por esta casa já passaram muitos nomes conhecidos do rock português, entre os quais a banda icónica de Almada UHF e Tim dos Xutos e Pontapés, Carlão com o Projeto Algodão e os Clã, dando também palco a bandas emergentes da atualidade.
Para este ano tinham já agendados 50 concertos.
Em comunicado conjunto divulgado na quarta-feira, as duas entidades anunciaram que o espaço vai deixar de ter música ao vivo a partir de 14 de fevereiro na sequência de uma ação de particulares intentada junto do Tribunal Judicial de Almada.
A ação decorreu contra a Alma Danada (gestora cultural do espaço) e a Incrível Almadense (proprietária), por alegado incómodo de ruído sonoro, e em consequência o Tribunal Judicial decidiu suspender, até à realização de obras de insonorização, os espetáculos ao vivo que decorriam no Cine Incrível há mais de uma década.
No comunicado a Incrível Almadense, na qualidade de proprietária do Cine Incrível, adianta que mantém toda a disponibilidade para, em conjunto com a Alma Danada, e no respeito integral da sentença judicial manter em funcionamento este espaço cultural da cidade, “que se tornou referência a nível local mas também nacional”.
Assim, está prevista a adaptação da atividade até que sejam possíveis obras de insonorização que permitam a retoma de espetáculos de música ao vivo.
“A Incrível Almadense procurará junto das entidades locais e nacionais, em especial do poder local e Ministério da Cultura, avaliar caminhos, estimar as obras necessárias e identificar formas de investimento que assegurem, a médio prazo, as obras solicitadas”, escrevem a duas organizações.
O Cine Incrível é um edifício de 1921, de interesse municipal.
“Em uníssono, Incrível e Alma Danada, irão procurar soluções, movidos pelo amor à cultura e pela vontade de trabalhar com e para a nossa comunidade, apelando, também, à solidariedade e apoio de todos os que amam a cultura”, adiantam.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da direção da Incrível Almadense disse que esta situação "é uma facada monumental no tecido cultural de Almada e no distrito de Setúbal", e que as obras necessárias são de elevado valor pelo que a coletividade precisa de apoios públicos.
A sala, adiantou Fernando Viana, tinha uma programação considerada notável a nível nacional e internacional, com vários concertos de jazz, metal e rock pelo que o seu fecho enquanto tal “vai trazer um vazio cultural”.
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