
O maestro, pianista e compositor António Victorino d’Almeida é homenageado no próximo dia 16, em Sintra, por ocasião do seu 85.º aniversário que se completa no dia 21, anunciou a autarquia na quarta-feira.
O concerto de homenagem realiza-se no Centro Cultural Olga Cadaval, e conta com a participação de três pianistas escolhidos por Victorino d'Almeida: Bernardo Pinhal, Pedro Emanuel Pereira e Rodrigo Teixeira, que vão interpretar peças do compositor.
O repertório escolhido inclui a Sonata N.º 2, os três Prelúdios e Fugas para Piano e a Sonata N.º 4, intitulada “Sonata Bufa de 1974”.
Victorino d'Almeida estará em palco e fará comentários pessoais em diálogo com o presidente da cooperativa cultural MotionArt, Miguel Leite.
António Victorino d’Almeida recebeu no ano passado o Prémio Play/Carreira, atribuído a pela associação PassMúsica.
O compositor, natural de Lisboa, deu o seu primeiro recital de piano aos sete anos, tendo já incluído duas peças de sua autoria neste programa, a par de obras de Beethoven e Mozart.
Concluiu com 19 valores o Curso Superior de Piano no Conservatório Nacional de Lisboa, onde foi aluno de Campos Coelho, tendo recebido uma bolsa de estudo do então Instituto de Alta Cultura para estudar Composição na Academia de Música de Viena, onde foi aluno de Karl Schiske (1916-1969). C oncluiu esta pós-graduação com distinção por unanimidade do júri e recebeu um prémio especial do Ministério da Cultura da Áustria.
Com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, ainda na capital austríaca, estudou música contemporânea com Friedrich Cehra (1926-2023), música eletrónica com Dieter Kaufman e direção de orquestra com Zoltán Koslik (1952-2016).
Victorino d'Almeida fixou residência em Viena, onde, entre 1974 e 1981 exerceu as funções de conselheiro cultural da embaixada de Portugal naquele país.
A sua obra de composição inclui diferentes géneros, desde música para piano e outros instrumentos solistas, a música de câmara, sinfónica e coral-sinfónica, assim como 'lied' e ópera.
Victorino d'Almeida é autor de “Canto da Ocidental Praia” (1975), em três atos, com libreto seu. Compôs também para cinema, teatro e fado, “Fado do Campo Grande”, uma criação de Carlos do Carmo (1939-2021).
O compositor e pianista desenvolveu igualmente carreira como escritor, sendo autor de “Histórias de Lamento e Regozijo”, “Coca-Cola Killer”, “Tubarão 2000” e “Um Caso de Bibliofagia”. É também autor de obras de divulgação como “O Que é a Música”, “Músicas da Minha Vida”, “Toda a Música que eu Conheço”, do livro infantil “O Meu Primeiro Livro de Música” e da autobiografia “Ao Princípio era Eu”.
No cinema realizou o filme “A Culpa” (1980), premiado nesse ano com um Colombo de Ouro no Festival de Huelva, para o qual compôs a banda sonora.
Na televisão realizou e apresentou documentários e programas de divulgação cultural, participou nas séries “Pianíssimo” (2007), “Polícias” (1996) e “Contos & Vigários” (1987), mas foi a série documental de divulgação "Histórias da Música" que lhe deu notoriedade, transmitida pela RTP nos anos de 1972-1973, depois da sua passagem pelo programa "Zip-Zip", de Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz.
Na mesma linha de divulgação de "Histórias da Música" apresentaria mais tarde "As Fontes do Som".
Compositor, pianista e maestro, António Victorino d’Almeida tem sido homenageado em diferentes ocasiões, entre elas, em 2010, pela celebração dos seus 55 anos de carreira no Auditório Municipal do Seixal. No passado fim de semana, foi a personalidade em destaque no Festival de Poesia e Música de Vila Nova de Foz Côa.
Em 2005 recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, do Estado português, e em 2014 França distinguiu-o com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras.
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