O bar do Cais do Sodré, embebido na arcada da Rua Nova do Carvalho, tinha apenas algumas dezenas de pessoas quando a banda da região centro começou a tocar. O quinteto de pop/popular chegou despretensiosamente ao Musicbox para apresentar o seu disco homónimo: «A Caruma».
Falam de amores platónicos, bebedeiras, prostituição, drogas, e de um país a saque. A critica mordaz é mãe do humor nas composições da banda que beneficiou da mestria do técnico de som.
Quando os primeiros acordes de «Nossa Senhora do SIS» foram reconhecidos, alguns elementos do público deram corda aos sapatos, dançaram e aqueceram a voz. A banda tocou as onze músicas do álbum e, no fim, para o regresso a palco mais rápido da história da música, repetiu-se «Coitadinha».
«A Caruma» é uma das novas bandas portuguesas que vê na assimetria das rimas a beleza e explora com gosto o vocabulário português. «A Pedra na Mão», segundo o vocalista Carlos Martins, não faz qualquer sentido, mas soa bem e, neste caso, isso basta. Segue-se uma composição ritmada, reactiva, com ares de fanfarra popular, que fala de tudo e de nada.
O folk urbano no palco do Musicbox entra na linha de bandas como Deolinda, Diabo na Cruz e Virgem Suta que se destacam actualmente no panorama da música portuguesa.
O quinteto conta com a participação de Carlos Martins (Umpletrue, The Clits e Annette Blade) na voz e guitarra, Rui Costa (Silence 4 e Filarmónica Gil) no baixo, Pedro Santos (Silence 4 e Filarmónica Gil) no piano e no euphonium, José Carlos (Dapunksportif e Umpletrue) na bateria e Ana Santo na voz.
Este foi um fim-de-semana dedicado à nova música portuguesa no espaço lisboeta, que contou com a presença da dupla Pega Monstro e de The Glockenwise. A noite de sábado terminou ao som do DJ set de Rambostellar.
@Inês Fernandes Alves
Fotografia: Edson Vital
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