Enquanto "Mufasa: O Rei Leão" e "Sonic 3" reivindicam o primeiro lugar nas bilheteiras da América do Norte, a grande história da temporada natalícia nos cinemas chama-se "Nosferatu".

Com estreia portuguesa marcada para 2 de janeiro, o filme de terror ficou em terceiro lugar e com números impressionantes: 40,3 milhões de dólares para o período de cinco dias do dia de Natal até domingo (39 milhões de euros), quase duplicando as previsões de 25 milhões.

Entre outros fatores, os analistas convergem que funcionou a 'peculiar' data de estreia, as boas críticas, o culto artístico à volta do realizador Robert Eggers ("A Bruxa", "O Farol", "O Homem do Norte")... e uma 'geração TikTok' que não faz ideia que está a ver uma nova versão de um clássico do cinema mudo de 1922, por sua vez inspirado no romance "Drácula", de 1897.

O estúdio diz que 40% dos espectadores compraram os bilhetes no dia anterior à respetiva sessão e 65% tinham entre 18 e 34 anos.

“Conseguimos transformá-lo num evento e funcionou tremendamente. O filme em si cumpre e isso é sempre o mais importante”, disse à revista Variety Lisa Bunnell, líder de distribuição da Focus Features.

“A data de lançamento pouco convencional no dia de Natal fez de ‘Nosferatu’ um evento aos olhos dos espectadores. O incrível sucesso reflete o desejo dos fãs do género de terror de ter algo excêntrico e ousado que, embora não seja original na sua conceção, é verdadeiramente original na sua execução. É claro que elogios da crítica e a conversa de prémios também não prejudicam", disse à revista Paul Dergarabedian, analista da Comscore.

O que também surpreendeu muitos espectadores foi descobrir Chris Columbus na lista de créditos como produtor: o conhecido realizador de "Sozinho em Casa" (e da sequela), "Papá Para Sempre" e os dois primeiros títulos da saga "Harry Potter" parece uma estranha combinação com o universo temático de Eggers.

Chris Columbus na rodagem com o realizador Robert Eggers e o diretor de fotografia Jarin Blaschke

Chris Columbus é mesmo o principal produtor com a filha Eleanor através da Maiden Voyage Pictures, e sabe que o seu envolvimento deixou desconfiados alguns fãs de Eggers, apesar de ter acompanhado "Nosferatu" nos quase dez anos que demorou a chegar ao grande ecrã e este ser o terceiro filme de uma relação que começou com "A Bruxa" (2015) e se prolongou com "O Farol" (2019).

Ironicamente, a abordagem de Chris Columbus como produtor que tornou possível finalmente concretizar "Nosferatu" foi muito influenciada por uma grande desilusão durante a produção de "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (2001), o primeiro da saga, quando viu um produtor executivo rejeitar o pedido para melhorar os efeitos especiais que não o satisfaziam completamente da cena do Visgo do diabo.

“Um dos executivos disse-me: ‘Bem, não interessa se essa cena não está tão boa como as outras no filme. Está boa o suficiente'. Portanto, disse a mim mesmo que nunca diria isso se estivesse a produzir para outra pessoa.", contou à revista The Hollywood Reporter.

E acrescentou: "Isto provavelmente será a sentença de morte para a Maiden Voyage como empresa, mas a nossa filosofia é nunca dizer não ao realizador. Não estou a brincar. E esta nossa atitude teve muito sucesso para ajudar o Rob a concretizar a sua visão [para 'Nosferatu'].”

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