Sahron Stone ainda tem o vestido branco que usou na famosa cena do interrogatório na esquadra de "Instinto Fatal" e grande parte do guarda-roupa da sua personagem.

"Não conseguia acreditar como era emocionante e todas as roupas incríveis que estavam a ser feitas só para mim", refletiu a atriz sobre a experiência de ter feito o filme que a tornaria uma estrela em declarações à revista InStyle, a poucas semanas do 30.º aniversário da estreia.

"Coloquei no meu contrato que poderia ficar com as roupas. As pessoas pensavam que estava maluca, mas a verdade é que não estava a ser paga muito em comparação com o meu colega masculino. Ganhei 500 mil dólares, o Michael [Douglas] ganhou 14 milhões. Portanto, manter as minhas roupas foi realmente uma coisa muito inteligente de fazer", recordou.

Sharon Stone também revelou que teve uma palavra a dizer na escolha com a designer Ellen Mirojnick, já que o realizador Paul Verhoeven não queria saber o que ela ia vestir desde que tivesse gola alta e ela usasse o cabelo apanhado.

"Decidimos ir por tudo branco porque a minha personagem tinha uma vibração muito 'hitchcocktiana'. Mas a Ellen desenhou o vestido de forma a que me pudesse sentar como um homem se ele estivesse a ser interrogado. Deu-me a possibilidade de mover os meus braços e pernas, ocupar o espaço e exercer controlo sobre uma sala cheia de homens", explicou.

Sharon Stone revela que deu algumas peças para caridade, mas ainda tem praticamente todas roupas, incluindo o vestido branco e o casaco da cena: "Foi fechado num porta-fatos no set [do filme] e nunca foi aberto desde então. Parti o fecho de correr, portanto está hermeticamente fechado como uma obra de arte ou uma cápsula do tempo muito 'cool'".

A cena, claro, é famosa pela nudez explícita no descruzar de pernas mais famoso da história do cinema, uma fonte de divergência entre Sharon Stone e o realizador desde a estreia.

Na versão de Paul Verhoeven, Sharon Stone "sabia exatamente o que estávamos a fazer". À revista, a atriz mantém a versão da sua autobiografia, publicada no ano passado: o realizador holandês pediu-lhe para tirar a roupa interior porque brilhava muito e se refletia na câmara, prometendo que não se ia ver nada na versão final.

"Teria sido uma coisa muito mais justa e razoável que me tivessem mostrado primeiro sozinha, mas era uma parte do filme e tenho certeza que eles não queriam uma atriz novata a exagerar e a dizer-lhes o que fazer. Portanto, falei com o meu advogado, ponderei as minhas opções e tomei então a decisão de permitir que a cena ficasse. Refletindo para trás, ainda acho que foi a escolha certa para o filme, mesmo que tenha demorado um pouco até chegar a essa conclusão", admitiu à revista.