Numa reviravolta surpreendente e mesmo chocante, a Disney demitiu o seu CEO Bob Chapek no domingo à noite e anunciou o regresso do anterior, Bob Iger, ao comando da empresa.
A mudança no maior estúdio de Hollywood e um dos maiores impérios de entretenimento do mundo tornou-se efetiva de forma imediata, afirmou a Disney em comunicado.
"Agradecemos a Bob Chapek pelos seus serviços à Disney durante a sua longa carreira", afirmou Susan Arnold, presidente do conselho de administração da Disney, sem adiantar as razões da partida do CEO a quem dera um sinal de confiança com a renovação do contrato em junho.
O conselho de administração decidiu que, à medida que a empresa "embarca num período cada vez mais complexo de transformação da indústria, Bob Iger está numa posição única para liderar".
O anúncio surpreendeu a indústria: Hollywood recebeu a notícia com uma mistura de choque, confusão e, maioritariamente, aprovação: o consenso é o de um regresso para colocar a empresa novamente na direção certa após a confusão causada pelo seu herdeiro. Na primeira mensagem aos funcionários, o próprio Iger diz regressar com "uma sensação de gratidão e humildade - e, devo admitir, um pouco de espanto".
Para a indústria da animação, consta que é um alívio a saída de Chapek, que se revelou controverso com a política de lançar diretamente em streaming os últimos filmes originais da Pixar.
A transição ocorre pouco antes da semana de Ação de Graças e a poucos dias do lançamento nos cinemas da nova animação da Disney "Estranho Mundo" e poucas semanas antes da grande aposta "Avatar: O Caminho da Água".
Uma fonte de um estúdio rival disse à imprensa americana que o "timing" era "suspeito" e era menos chocante a demissão de Chapek do que Iger ter concordado em deixar a sua reforma com a expectativa de desfazer a maioria das escolhas estruturais do seu antecessor.
O regresso é por tempo limitado: Iger, de 71 anos, concordou em voltar a liderar a empresa norte-americana, durante dois anos, com o objetivo de estabelecer uma estratégia de "crescimento renovado" e encontrar um sucessor no fim do seu mandato, sublinhou a Disney.
Chapek foi diretor executivo do grupo durante dois anos, precisamente quando a pandemia começou. Teve de gerir o encerramento de parques temáticos e cinemas, mas também a expansão da plataforma de streaming.
Foi um período durante o qual Wall Street expressou preocupação com o aumento de gastos da empresa. As ações da Disney registou quedas de 41% este ano.
Os resultados da atividade de streaming foram divulgados recentemente, com a Disney+ ainda a ganhar assinantes no terceiro trimestre, mas as plataformas de streaming do grupo californiano (Disney+, ESPN+ e Hulu) apresentaram uma perda nas operações de quase 1,5 mil milhões de dólares (1,46 mil milhões de euros).
O preço das ações da Disney caíram mais de 13% no dia seguinte ao anúncio destes resultados, no início de novembro.
Iger, que foi CEO da Disney por 15 anos, aumentou a capitalização de mercado da empresa cinco vezes durante esse tempo.
Foi Iger que promoveu Chapek como o seu substituto em 2020, mas o relacionamento entre os dois ficou tenso nos últimos meses.
"Estou profundamente honrado por ser convidado a liderar novamente esta equipa extraordinária", afirmou Iger.
Durante o período de Iger como CEO, a Disney adquiriu Pixar, Marvel, Lucasfilm ("Star Wars" e "Indiana Jones") e 21st Century Fox. Também lançou os serviços de streaming Disney+ e ESPN+, terminando a seguir o seu mandato.
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