Paul Verhoeven voltou defender a sua versão da história sobre a nudez explícita no descruzar de pernas mais famoso da história do cinema de "Instinto Fatal", garantindo que Sharon Stone "sabia exatamente o que estávamos a fazer".

As versões diferentes são quase tão antigas como o próprio filme, que é de 1992.

Na sua mais recente autobiografia "The Beauty of Living Twice", publicada em março, Sharon Stone volta a afirmar que foi explorada durante a rodagem da produção que a tornaria uma estrela, nomeadamente na célebre cena do interrogatório na esquadra e o momento em que a escritora Catherine Tramell descruza as pernas.

Paul Verhoeven

Na sua versão, o realizador holandês pediu para tirar a roupa interior porque brilhava muito e se refletia na câmara, prometendo que não se ia ver nada na versão final.

"A minha recordação é radicalmente diferente da recordação da Sharon. Isso não atrapalha e não tem nada a ver com a forma maravilhosa como ela retratou Catherine Tramell. Ela é absolutamente fenomenal. Ainda temos um relacionamento agradável e trocamos mensagens de texto. Mas a sua versão é impossível. Ela sabia exatamente o que estávamos a fazer.", respondeu Paul Verhoeven numa recente entrevista à publicação Variety.

E continuou: "Disse-lhe que se baseava na história de uma mulher que conheci quando era estudante e que cruzava frequentemente as pernas sem roupa interior em festas. Quando um amigo meu lhe disse que podíamos ver a sua vagina, ela respondeu, 'Claro, é por isso que o faço.' E então, a Sharon e eu decidimos fazer uma cena semelhante."

Após assistir ao filme numa projeção privada, a atriz escreve no seu livro que confrontou o realizador e lhe deu uma bofetada.

Posteriormente, o seu advogado ter-lhe-á garantindo que o estúdio não poderia lançar o filme como estava porque receberia a classificação X, atribuída a pornografia. Além disso, o Sindicato dos Atores proibia filmar o vestido daquela forma.

"Depois refleti um pouco mais. E se eu fosse o realizador? E se eu tivesse conseguido aquela imagem? E se a tivesse conseguido de propósito? Ou por acidente? E se simplesmente existisse? Isso era muito em que pensar. Sabia o filme que estava a fazer. Pelo amor de Deus, lutei por aquele papel e durante toda aquela época, apenas este realizador me tinha defendido.", acrescentam as memórias.