Esta quinta-feira, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky pediu que se combata "o muro que a Rússia quer construir na Ucrânia", no discurso que abriu a 73ª edição do Festival de cinema de Berlim, a Berlinale.

Sem se esquecer do 'glamour', o festival reafirmou o seu tradicional ativismo político com uma edição centrada na Ucrânia e no Irão, onde cineastas, alguns deles bastante ligados com a Berlinale, foram presos.

Durante os próximos dez dias, o festival exibirá 18 filmes e documentários focados nos dois países, além da competição oficial com 19 produções candidatas ao Urso de Ouro.

Após mencionar a barreira física que dividiu Berlim durante as décadas de Guerra Fria na sua mensagem em vídeo, Zelensky afirmou: "Hoje, a Rússia quer construir o mesmo muro na Ucrânia".

"É um muro entre a liberdade e a escravidão, entre o progresso e a ruína", advertiu.

"O cinema não pode mudar o mundo, mas pode influenciar e inspirar as pessoas que podem mudar o mundo", ressaltou o antigo ator e símbolo da resistência de seu país.

O festival berlinense dedicará o sábado ao Irão e à Ucrânia, com uma passadeira vermelha especial.

Filmar a guerra

O próprio presidente ucraniano faz parte do "elenco" de estrelas que vão brilhar no festival, como o protagonista de "Superpower", um filme do ator e realizador norte-americano Sean Penn sobre a invasão da Ucrânia, que será apresentado na sexta.

"A nossa solidariedade e simpatia estão com as vítimas [...] os milhões que abandonaram a Ucrânia e os artistas que ficaram para defender o país e continuam a filmar a guerra", afirmou Carlo Chatrian, codiretor do festival, durante o evento.

A Berlinale também vai homenagear o cineasta Steven Spielberg, que receberá um Urso honorário.

Uma longa lista de estrelas estará presente no primeiro grande evento do cinema mundial do ano, como Anne Hathaway, Helen Mirren, John Malkovich, o vocalista Bono, do U2, e a cantora de folk Joan Baez, personagem num documentário.

O júri do evento é presidido pela atriz norte-americana Kristen Stewart, de 32 anos, a mais jovem da história do festival.

Ao seu lado também estarão presentes a atriz franco-iraniana Golshifteh Farahani e a realizadora espanhola Carla Simón, que ganhou no ano passado o Urso de Ouro com "Alcarràs".

Uma jornada particular

Mal Viver

Assim como outros festivais internacionais, a Berlinale testemunhou com indignação a prisão de cineastas iranianos nos últimos meses.

O realizador Mohammad Rasoulof, que ganhou um Urso de Ouro por "O mal não existe" em 2020, foi preso em julho do ano passado e aguarda sentença.

Outro realizador premiado em Berlim, Jafar Panahi ("Táxi", 2015), também foi detido por um curto período na capital iraniana, mas acabou sendo solto posteriormente.

A Berlinale também dará espaço para outros países, como o caso de "Manodrome", com os atores Jesse Eisenberg ("A Rede Social") e Adrien Brody ("O Pianista"), que aborda os "desejos inconfessáveis" de um motorista musculado.

Já "Mal Viver", do português João Canijo, em disputa pelo Urso de Ouro, conta a história de uma família de mulheres que administram um hotel.

Canijo é um caso inusitado, já que concorre em outra categoria do festival, na secção Encontros, dedicada a "novas visões cinematográficas", com "Viver Mal", que é o "inverso" cinematográfico do seu filme na competição do Urso de Ouro.

Além destes dois filmes, Berlim vai exibir "Cidade Rabat", de Susana Nobre, descrito como “uma comédia melancólica sobre o luto”.

A competição apresenta também "Suzume", uma animação japonesa dirigida por Makoto Shinkai,

O festival também marcará a estreia de filmes que não participam da mostra competitiva, como "Golda", biografia da primeira-ministra israelita Golda Meir, interpretada pela britânica Helen Mirren, e "Séneca", comédia sobre o filósofo de origem espanhola durante o Império Romano, com John Malkovich.

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