O ator Djimon Hounsou diz que se sente "tremendamente enganado" por Hollywood tanto em questões de dinheiro como de oportunidades, e ainda tem de "provar que precisa" ser pago, apesar de ter uma carreira de 25 anos de primeiro plano que inclui "Amistad", "Gladiador" e super-produções como "Velocidade Furiosa 7", "Aquaman" ou os mais recentes "Shazam!", além de duas nomeações para os Óscares.

"Ainda estou a lutar para ganhar dinheiro. Subi na indústria com algumas pessoas que estão absolutamente bem na vida e têm muito poucas das minhas honras. Portanto, sinto-me enganado, tremendamente enganado, em termos financeiros e também em termos de trabalho", revelou numa entrevista ao jornal britânico The Guardian que está a causar sensação.

O antigo modelo e ator norte-americano de origem beniense diz mesmo que teve encontros nos estúdios com pessoas que sentiam que ele tinha acabado de sair do "barco" (de "Amistad") e depois se foi embora, desconhecendo que continuava a trabalhar na representação: "Quando se ouvem coisas assim, consegue-se perceber que a visão que algumas pessoas têm sobre nós, ou o que representamos, é muito limitadora. Mas é o que é. Cabe a mim redimir isso".

"Ainda tenho que provar por que preciso ser pago. Vêm sempre ter comigo com uma proposta salarial completamente desvalorizadora: 'Só temos isto para o papel, mas adoramos-te e realmente achamos que podes contribuir tanto' ... Filme após filme, é uma luta. Ainda não encontrei o filme que me pagou de forma justa."

"Amistad"

Djimon Hounsou diz que Hollywood o ignorou desde o início, a começar pelo papel que o revelou, o escravo que se revoltava em "Amistad", de Steven Spielberg, em 1997: apesar dos muitos elogios, foi o seu colega Anthony Hopkins quem recebeu a única nomeação para os Óscares do filme.

O ator revela que isso o revoltou: "Talvez tenha chegado cedo. Se os meus filmes tivessem saído hoje, sem dúvida que já teria ganhado um Óscar".

Mais tarde, tornou-se o primeiro ator africano negro nomeado para as estatuetas douradas, primeiro com o filme "Na América" (2002) e a seguir com "Diamante de Sangue" (2006).

Mas no segundo filme, surgiu na categoria de Melhor Ator Secundário, enquanto Leonardo DiCaprio foi nomeado para Melhor Ator, apesar de o filme acompanhar igualmente as duas personagens.

"Senti-me profundamente enganado. Hoje, falamos tanto sobre o Óscar ser tão branco, mas recordo que que houve uma altura em que eu não tinha apoio nenhum: nenhum do meu próprio povo, nenhum da comunicação social, da própria indústria. Parecia algo do género, 'Devias estar feliz por teres sido nomeado' e pronto", descreveu ao The Guardian.