A carreira de Michael J. Fox mudou para sempre com a estreia de "Regresso o Futuro" no início de julho de 1985: passou a ser uma estrela de cinema e não apenas conhecido pela série de TV "Quem Sai aos Seus...".

O papel icónico de Marty McFly na trilogia de 1985 a 1990 imortalizou-o para todas as gerações e colou-se-lhe como uma segunda pele até aos nossos dias, com 61 anos e afetado pela doença de Parkinson que encurtou a carreira.

Ironicamente, esteve quase para não acontecer: faz parte da lenda de Hollywood que foi chamado à pressa para substituir Eric Stoltz, despedido ao fim de seis semanas pelo realizador Robert Zemeckis, o que colocou "ordem no universo", já quem tinha sido a primeira escolha para o papel, mas o o produtor da série nem tinha deixado que o contactassem.

Ajustadas as agendas, seguiram-se dois meses de trabalho intenso a rodar ao mesmo tempo a série e o filme, que deixaram Fox de rastos e com medo de ter sido péssimo como Marty McFly. E como só viu o filme uma vez, só recentemente descobriu que estava enganado.

"Vi-o quando estreou, no Cinerama Dome, o que foi de loucos, depois não o vi na totalidade até há dois anos atrás. Era Natal. Estávamos a decorar a árvore... fui buscar uma coisa na cozinha e não apareci durante bastante tempo. A [esposa] Tracy [Polland] apareceu e encontrou-me a ver televisão", disse para o novo número da revista britânica Empire.

E conta o que aconteceu a seguir: "Eu disse 'Olha, 'Regresso ao Futuro' está na TV'. Sabes que mais, sou realmente bom nisto!'. E ela respondeu, 'Sim, nós sabemos'".

"Bem, porque é que não me contaste?", foi a sua reação.

Há 38 anos, recordou, "achei que iria acabar tudo. Achei que eles iriam ver o que tinha feito, voltaria para o fim do pelotão e começaria de novo".

Fox estava em Londres quando o filme estreou e rapidamente percebeu que era um sucesso gigantesco: "O meu agente ligou e disse 'Não estás a perceber. Esta é a maior coisa do mundo'. O meu primeiro instinto foi 'Tenho que voltar para a América! Há garotas para conhecer!'".

No especial da Empire em que fala da carreira, Fox destaca outro filme de que se orgulha, sobre a Guerra do Vietname e lançado em 1989, realizado por Brian De Palma e onde contracena com Sean Penn.

"Sinto que 'Casualties Of War' ['Corações de Aço' em Portugal] foi realmente incompreendido. Nunca teve uma oportunidade justa", comentou.

Pelo contrário, outro sucesso, "Lobijovem", do mesmo ano de "Regresso ao Futuro", continua a confundi-lo até hoje.

"Anda por aí um culto do 'Teen Wolf'. Isso precisa ser investigado. Precisa ser vigiado", brincou.