O filme “Todos os mortos”, uma coprodução entre Brasil e França, no qual participa a atriz portuguesa Leonor Silveira, está entre os 18 trabalhos em competição pelo Urso de Ouro do festival de cinema de Berlim.
O diretor artístico, Carlo Chatrian, apresentou hoje, em conferência de imprensa, os 18 filmes de 18 países em competição, numa 70.ª edição do festival que tem a cidade de Berlim como inspiração.
“Não fazemos filmes, recebemos filmes. Não começámos o processo de seleção com uma ideia em mente, isso seria errado. Já tínhamos dito no início que queríamos que esta edição do festival tivesse Berlim presente, como tema. Por isso ficámos felizes por ver a concurso filmes que focam as diferentes identidades e almas de Berlim”, realçou Chatrian aos jornalistas.
“Berlim Alexanderplatz”, de Burhan Qurbani, “Schwesterlein” (My Little Sister)”, de Stéphanie Chuat e Véronique Reymon, e “Undine”, de Christian Petzold, são três dos 18 filmes com a capital alemã como pano de fundo.
“Todos os mortos”, uma coprodução entre Brasil e França, dos realizadores Caetano Gotardo e Marco Dutra, com a atriz portuguesa Leonor Silveira a integrar o elenco, vai ter estreia mundial no festival.
“DAU. Natasha”, de Ilya Khrzhanovskiy e Jekaterina Oertel, “The Woman Who Ran”, de Hong Sangsoo, “Delete History”, de Benoît Delépine e Gustave Kervern, “The Intruder”, de Natalia Meta, “Bad Tales”, de Damiano e Fabio D'’Innocenzo, “First Cow”, de Kelly Reichardt, “Irradiated”, de Rithy Panh, “The Salt of Tears”, de Philippe Garrel, “Never Rarely Sometimes Always, de Eliza Hittman, “Days”, de Tsai Ming-Liang, “The Roads Not Taken”, de Sally Potter, “There Is No Evil”, de Mohammad Rasoulof, “Siberia”, de Abel Ferrara, e “Hidden Away”, de Giorgio Diritti, completam a lista dos filmes que concorrem ao Urso de Ouro.
Festival com menos filmes
Dos 18 filmes em competição, 16 são estreias mundiais e um é documentário, “os melhores que representam o cinema”, salientou o diretor artístico. Foram também apresentados os quatro filmes que completam a secção Berlinale Special, somando 20 no total.
“A alta qualidade artística dos filmes foi o nosso principal critério para escolher estes e não outros (…) Filmes que para nós têm uma voz única, que tenham sido feitos com um interesse e objetivo singular. Às vezes pesa mais a qualidade da história, outras a qualidade do estilo, ou então são as atuações que destacam”, esclareceu Charlo Chatrian.
Nesta edição da Berlinale, o número de filmes foi reduzido porque há intenção de “oferecer filmes a todos as audiências”, frisou o diretor artístico.
“Não quisemos reduzir o número de filmes, mas houve um processo, que envolveu todos os curadores de todas as secções, para serem mais criteriosos (…) Talvez no próximo ano tenhamos mais”, acrescentou.
A 70.ª edição do Festival de Cinema de Berlim vai decorrer entre 20 de fevereiro e 1 de março, sendo a primeira dirigida pela dupla de Mariette Rissenbeek, como diretora-executiva, e Chatrian, na direção artística.
Nas outras seções, e em português, a Berlinale vai exibir o documentário “Apiyemiyekî?” (que significa “porquê”), uma coprodução entre Brasil, França, Holanda e Portugal, na Fórum Expandido.
Nesta secção do festival será também exibido o filme “Crioulo Quântico”, da portuguesa Filipa César, uma coprodução entre Alemanha, França, Portugal, Espanha, cuja seleção tinha já sido anunciada pelo festival alemão, no passado mês de dezembro.
Na recém-criada secção competitiva Encontros – que tem por objetivo apoiar novas vozes no cinema e dar mais espaço a narrativas diversas e a formas documentais no programa oficial -,será exibido em estreia mundial o filme “A Metamorfose dos Pássaros”, de Catarina Vasconcelos.
Ainda no que respeita a participações nacionais, fazem parte do programa de Talentos do festival três profissionais portugueses: a ‘sound designer’ Joana Niza Braga (que trabalhou em filmes como “Variações”, “Colour Out of Space” ou “Free Solo”, que venceu o Óscar para Melhor Documentário em 2019), o realizador e argumentista José Magro (que criou as curtas-metragens “Viagem”, “Letters from Childhood” e “Rio entre as Montanhas”) e o realizador e editor Paulo Carneiro (de “Bostofrio”).
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