Para Issa Rae, Ezra Miller e a produção do filme "The Flash" é um "microcosmos de Hollywood", confirmando até onde está disposta a ir para se proteger e aos abusadores.

As declarações da atriz e criadora das séries "Insecure" e "Rap Sh!t" numa entrevista à revista Elle publicada na quinta-feira estão a ter grande impacto nas redes sociais e foram feitas a propósito da situação da Hollywood na era pós-#MeToo.

"Dá a sensação que estamos a regredir, de forma deprimente. Existem simplesmente demasiadas pessoas a facilitar para que haja uma mudança real. As pessoas têm que ser responsabilizadas. Tem que haver consequências a sério. Hollywood é muito má [a lidar] com consequências", defendeu.

Protagonista da super produção de super-heróis do estúdio Warner Bros. Discovery com um orçamento de 200 milhões de dólares, filmada entre abril e outubro de 2021, o ator norte-americano não binário de 29 anos foi detido duas vezes no espaço de três semanas entre março e abril pela polícia no Havai e acusado de distúrbios, assédio e agressão.

Em junho, os problemas estenderam-se ao estado do Dakota do Norte, com os pais de uma jovem de 18 anos a apresentarem um pedido de proteção, e ao Massachusetts, com uma mãe a apresentar um pedido de restrição temporária. Antes, em 2020, surgiram imagens de um incidente onde parece estar a sufocar uma mulher num bar na Islândia.

Ezra Miller como Barry Allen / The Flash

O avolumar dos escândalos tornou-se um problema de relações públicas que ganhou destaque internacional e em agosto, Miller anunciou publicamente que ia procurar ajuda para "problemas complexos de saúde mental".

No mesmo mês, encontrou-se com executivos da Warner, a quem terá pedido desculpa pela atenção mediática negativa e reafirmado o empenho tanto no seu tratamento como com a produção. Recentemente, terá trabalhado durante um dia na rodagem de excertos que foram considerados necessários para entrarem no filme que está previsto para estrear nos cinemas a 23 de junho de 2023.

Toda este processo foi criticado por Issa Rae.

"Embora não apoie que as pessoas tirem conclusões precipitadas e penso que é completamente justo que se façam investigações, acho que é extremamente importante, como se costuma dizer, ‘ouvir as mulheres'”. Vou ser honesta, as coisas que estão a acontecer com o Ezra Miller são, para mim, um microcosmos de Hollywood. Há essa pessoa que é reincidente, que se está a comportar de forma atroz e, em vez de pará-lo e parar a produção, há um esforço para salvar o filme e ele", disse.

"Este é um exemplo claro de até onde Hollywood irá para se salvar e proteger os abusadores" acrescentou.

"Portanto, não façam isso e as mulheres podem ser capazes de crescer. Não terão de viver com o medo de ficar em silêncio porque isso destruirá as suas carreiras. Trata-se simplesmente de um padrão sistemático de abuso que só persistirá se Hollywood continuar a insistir em ser assim", concluiu sobre a era pós-#MeToo.

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