George A. Romero morreu aos 77 anos, vítima de cancro nos pulmões. A notícia foi avançada pelo The Los Angeles Times após confirmação do seu parceiro de produção Peter Grunwald e mais tarde por um porta-voz.

De acordo com o jornal, morreu rodeado pela família a ouvir a banda sonora de um dos seus filmes preferidos: "O Homem Tranquilo", de 1952, realizado por John Ford com John Wayne e Maureen O'Hara.

Romero era o mais lendário e aclamado realizador de filmes de zombies e após a sua morte já há quem brinque e diga que provavelmente não vai ficar assim durante muito tempo.

De facto, após ser preso aos 14 anos por causar um incêndio ao atirar um manequim em chamas de um telhado durante a rodagem de "The Man from Meteor", o seu primeiro filme amador, foi responsável, aos 28, pelo incontornável "A Noite dos Mortos-Vivos".

Em 1968, este filme de baixo orçamento a preto e branco aterrorizou plateias com um realismo quase documental, dando origem a um sub-género de cinema de terror.  Porém, poucos como Romero conseguiram trabalhar as fitas de zombies, em que injetava sempre um importante fundo de comentário social.

Romero foi o pai do género e quase se pode dizer literalmente: aquele que é um dos melhores filmes de terror de sempre estreou alguns meses antes da implementação do sistema de classificação de filmes por idades nos EUA, o que permitiu até crianças comprarem bilhetes; muitas fizeram-no e ficaram assustadas com o que viram: uma América em registo de autocanibalização.

Produzido por uns modestos 114 mil dólares, rendeu 30 milhões nas bilheteiras. Em valores de 2017, é como se um filme que custasse 802 mil rendesse 211 milhões.

Além de várias sequelas, "A Noite dos Mortos-Vivos" deu origem a novas versões, imitações, homenagens e paródias. É responsável pela imagem moderna dos mortos-vivos de que o máximo expoente é agora a série "The Walking Dead" e marcou o início de um cinema de terror de cariz mais violento.

Romero continuou sempre a trilhar os caminhos do terror, embora tentando váriar os temas, mas a sua grande obra são os títulos na sequência direta de "A Noite dos Mortos-Vivos": "Zombie: A Maldição dos Mortos-Vivos" (1978), "O Dia dos Mortos" (1985), "Terra dos Mortos" (2005), "Diário dos Mortos" (2007) e "A Ilha dos Mortos" (2009), que foi o seu último trabalho.

Outros títulos a descobrir são "Guerra ao Vírus da Loucura" (1973), um 'thriller' sobre a disseminação de um vírus em que as vítimas acabavam por ser, também elas, uma variação sobre os mortos vivos que o popularizaram, e "Martin" (1978) , a história de um jovem convencido que era um vampiro.

Em 1990, Romero e Dario Argento, que tinham colaborado em " Zombie: A Maldição dos Mortos-Vivos", juntaram-se para fazer "Os Olhos do Diabo", um filme em dois episódios, mas foi com "Creepshow: Contos de Terror" em 1982 que se concretizou a grande fantasia dos fãs: Romero a dirigir uma antologia com cinco histórias baseada num argumento original do seu grande amigo Stephen King.

Em 1993, adaptou "A Face Oculta", outro livro do escritor, que esta noite o recordou como o seu colaborador preferido e destacou a sua dimensão única.

Para televisão o realizador criou também a excelente série de antologia de terror "Contos da Escuridão", que durou entre 1983 e 1988.

Tudo o que se passa à frente e atrás das câmaras!

Receba o melhor do SAPO Mag, semanalmente, no seu email.

Os temas quentes do cinema, da TV e da música!

Ative as notificações do SAPO Mag.

O que está a dar na TV, no cinema e na música!

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOmag nas suas publicações.