O filme é uma primeira obra de Carlos Miranda, rodada nos espaços do Arquivos Nacional da Imagem em Movimento, e faz parte da programação do Doc Fortnight, o festival de cinema, não competitivo e de documentário, organizado por aquele museu de arte.
Em entrevista à agência Lusa, Carlos Miranda, um designer gráfico de 35 anos que se apaixonou pelo cinema, explicou que este filme é "uma justa homenagem ao trabalho" no ANIM: A preservação da memória, fixada em centenas de bobines de filmes e objetos cinematográficos que contam uma história do cinema.
"Foi pela paixão do cinema que, cruzada com uma visita ao ANIM, percebi que aquele espaço estava ali escondido demais para a importância que tem. Até para mim, que era interessado pelo cinema, pareceu-me um objeto cinematográfico muito singular", contou.
A Cinemateca deu-lhe carta branca para filmar no edifício, localizado em Bucelas, e Carlos Miranda passou três dias de filmagens nas várias salas do ANIM e entrevistando quatro trabalhadores de áreas distintas, da museologia ao laboratório.
"Sendo um documentário, eu não queria fazer um filme excessivamente técnico, queria que tivesse alguma poética associada. [Que] fosse uma coisa quase nostálgica, quase com uma referência à memória que, por via do trabalho daquelas pessoas, consegue ser perpetuada", referiu.
"24 memórias por segundo" foi feito praticamente sem orçamento e com o "espírito 'do it yourself'", numa "mistura de ousadia e ingenuidade", contornando a "barreira burocrática" dos concursos de apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual.
Depois de ter sido exibido nos festivais DocLisboa e Caminhos do Cinema Português, "24 memórias por segundo" faz a estreia internacional no contexto de um convite para o festival do MoMA.
"Este convite caiu um bocadinho do céu e com tremenda surpresa", admitiu. Carlos Miranda estará em Nova Iorque na apresentação da curta-metragem nos dias 22 e 27, sendo exibida juntamente com o filme "Arcadia", de Paul Wright.
Isto aconteceu numa altura em que Carlos Miranda tem já em mãos um novo projeto, também ele documental, com produção da OPTEC Filmes, que obteve financiamento no âmbito do Ano Europeu do Património Cultural, celebrado em 2018.
O novo documentário, possivelmente uma longa-metragem, surge na sequência dos incêndios que devastaram Portugal em 2017, e "reflete o conceito de propriedade a partir da demarcação de terrenos que se faz em contexto rural".
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