“Francisco, Papa do Povo” (2015), de Daniele Luchetti, estreia-se a 4 de maio em Portugal e traça o percurso de Jorge Bergoglio, especialmente a sua ação durante a ditadura militar na Argentina.

O filme dá conta da assistência discreta, mas operacional do jesuíta Jorge Bergoglio, em prol da oposição e dos críticos da ditadura militar que governou a Argentina de 1976 a 1983.

Entre outras ações, o filme relata como Bergoglio acolheu jovens no colégio que dirigia, em Buenos Aires, e os encaminhou para o vizinho Uruguai, como terá conseguido a libertação de uma opositora ao regime grávida de três meses, ou como lutou pela libertação de dois irmãos da sua congregação, que trabalhavam em comunidades desfavorecidas.

A um dos opositores perseguido pelo regime militar, que ficou sem documentos de identificação, Jorge Bergoglio entregou-lhe a sua própria identificação, para este poder passar a fronteira para o Brasil, onde tinha quem o recebesse.

Uma cena dá conta da celebração eucarística por Bergoglio, na residência do general Jorge Rafael Videla (1925-2013), que foi Presidente da República da Argentina de 1976 a 1981. Após a missa, o jesuíta conversou com o militar, tendo feito um apelo pelo respeito dos Direitos Humanos.

Outro destaque do filme é, quando afastado da Argentina, a estudar na Alemanha, em Augsburgo, o jesuíta conhece o culto por Nossa Senhora Desatadora de Nós, por quem passa a ter uma especial devoção, e a recomendar que lhe dirijam preces.

Regressado a Buenos Aires, o sacerdote trabalhou nos bairros da periferia, tendo então sido escolhido para bispo auxiliar da diocese portenha. É nesta qualidade que intercede pelos moradores da “Vila 31”, um dos bairros desfavorecidos da periferia portenha, a quem divulgou o culto por N.S. Desatadora de Nós. O bispo-auxiliar Bergoglio propõe-se mediar o conflito com a municipalidade de Buenos Aires, e foi falar com um executivo da autarquia e, no final, ofereceu-lhe uma estampilha da santa

O filme, protagonizado pelo ator Rodrigo de la Serna, que partilha o papel de Jorge Bergoglio com Sergio Hernández (que faz de Bergoglio já sénior), tem por base uma série televisiva de quatro episódios, a partir da qual foi produzido um telefilme.

A longa-metragem, de 90 minutos, que inclui imagens documentais da proclamação do papa Francisco, no Vaticano, a 13 de março de 2013, estreou-se em 2015.

Além de Rodrigo de la Serna e de Sergio Hernández, o elenco é constituído, entre outros, por Cuyle Carvin, Alex Brendemühl, Mercedes Móran, Muriel Santa Ana, Maximilian Dirr, José Ángel Egido e Leah Allers.

O realizador, que assinou filmes como "O Meu Irmão é Filho Único" (2007) e "A Nossa Vida" (2010), deu especial destaque ao papel de Bergoglio como "mediador discreto" de conflitos, que procura em cada ser humano "um irmão", como afirma numa das suas homilias.

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