"The Shape of Water" venceu o Leão e Ouro, o principal prémio do Festival de Veneza, o mais antigo do mundo.

É o primeiro filme americano a receber a distinção desde "Somewhere - Algures", de Sofia Coppola, em 2010, ainda que realizado pelo mexicano Guillermo del Toro.

Logo no segundo dia do festival, a 1 de setembro, o filme tinha conquistado o público e crítica com o que foi considerado "uma fábula magistral e delicada sobre o amor" e o melhor trabalho de Del Toro desde "O Labirinto do Fauno" (2010), que através da história de amor entre uma princesa muda e uma estranha criatura anfíbia volta a alimentar a paixão por criaturas fantásticas, colocando-as num universo visual extravagante.

Ambientado em 1962, durante a Guerra Fria, o filme conta a história de uma jovem, Elisa (Sally Hawkins), que vive uma existência solitária, mas serena, num cinema de bairro sem clientes. Durante o dia, ela visita o seu vizinho, Giles (Richard Jenkins), um artista gay que ganha a vida com anúncios e adora comédias musicais transmitidas pela televisão, e à noite, trabalha com a sua amiga negra Zelda (Octavia Spencer) num laboratório científico secreto do governo dos Estados Unidos.

A vida de Elisa muda com a chegada ao laboratório de uma estranha criatura marinha extraída das águas do rio Amazonas, onde era venerada como uma divindade. Esta também consegue respirar fora de água, uma qualidade que interessa a russos e americanos, em plena corrida para chegar ao espaço. Ao mesmo tempo, o ser (Doug Jones) é visto como uma ameaça para a humanidade por um militar assustadora, cheio de preconceitos e ódio (Michael Shannon).

O grande Prémio do Júri, a segunda grande distinção da Mostra, foi para "Foxtrot", o que é uma proeza para o realizador israelita Samuel Maoz: este é o seu segundo filme e o primeiro, "Líbano", recebeu o Leão de Ouro em 2009.

A britânica Charlotte Rampling foi eleita a Melhor Atriz, o que a coloca em grande destaque para outros prémios (basta recordar que Emma Stone começou o ano passado com esta distinção a sua caminhada até ao Óscar com "La La Land"), enquanto o palestiniano Kamel El Basha foi considerado o Melhor Ator por "L'insulte".

O júri da 74ª Mostra, que começou a 30 de agosto e chegou ao fim este sábado, foi presidido pela atriz norte-americana Annette Bening (a primeira mulher a estar nessa posição desde Catherine Deneuve em 2006) e juntava os cineastas Edgar Wright, Michel Franco, Ildikó Enyedi e Yonfan, as atrizes Rebecca Hall, Anna Mouglalis e Jasmine Trinca, e o crítico de cinema David Stratton.

LISTA DE PREMIADOS (secções principais)

SECÇÃO OFICIAL

Leão de Ouro
"The Shape of Water", de Guillermo del Toro (EUA)

Grande Prémio do Júri
"Foxtrot", de Samuel Maoz (Israel)

Leão de Prata para Melhor Realização: Xavier Legrand por "Jusqu'à la garde"

Taça Volpi para Melhor Atriz: Charlotte Rampling por "Hannah"

Taça Volpi para Melhor Ator: Kamel El Basha por "L'insulte"

Melhor Argumento: Martin McDonagh por "Three Billboards Outside Ebbing, Missouri"

Prémio Especial do Júri: "Sweet Country", de Warwick Thornton (Austrália)

Prémio Marcello Mastroianni Award para melhor ator ou atriz emergente: Charlie Plummer por "Lean on Pete"

Secção Horizontes

Melhor Filme: "Nico, 1988", de Susanna Nicchiarelli (Itália, Bélgica)

Melhor Realização: Vahid Jalilvand por "No Date, No Sign"

Prémio Especial do Júri: "Caniba", de Lucien Castaing-Taylor e Verena Paravel (França)

Melhor Ator: Navid Mohammadzadeh por "No Date, No Sign"

Melhor Atriz: Lyna Khoudri por "Les Bienheureux"

Melhor Argumento: "Los Versos Del Olvido", de Alireza Khatami

Melhor Curta-Metragem: "Gros Chagrin", de Céline Devaux

Leão do Futuro – Prémio “Luigi De Laurentiis” para primeiras obras: "Jusqu’à La Garde", de Xavier Legrand (França)

Secção Clássicos

Melhor Restauro: "Vem e Vê" (1985), de Elem Klimov

Melhor Documentário sobre Cinema: "The Prince And The Dybbuk", de Elwira Niewiera e Piotr Rosolowski

Secção Veneza Realidade Virtual

Melhor Realidade Virtual: "Arden’s Wake", de Eugene YK Chung (EUA)

Melhor Experiência de Realidade Virtual: "La Camera Insabbiata", de Laurie Anderson e Hsin-Chien Huang

Melhor História Realidade Virtual: "Bloodless", de Gina Kim