O realizador James Gunn ("Guardiões da Galáxia", "O Esquadrão Suicida") rebateu as críticas do colega Steven Soderbergh sobre a falta de sexo nos filmes dos super-heróis.

Apesar de ter ganho um Óscar com "Traffic - Ninguém Sai Ileso" e feito filmes como "Sexo, Mentiras e Vídeo", "Romance Perigoso", "Erin Brockovich", "Contágio", "Magic Mike" e "Ocean´s Eleven", Soderbergh revelou que não conseguiria trabalhar nas atuais sagas de grande orçamento de Hollywood porque lhe falta "imaginação" para contar uma história "num universo onde não existem as leis da física".

"Não sou um snob. Não é que sinta, de forma alguma, que se trata de algo menor. Trata-se do universo que se quer ocupar enquanto contador de histórias. Estou demasiado preso à terra para me lançar num universo onde as leis da física não existem [risos]. Nesse aspeto, tenho falta de imaginação, e por essa razão a única experiência que tive em ficção científica pura ["Solaris", de 2002], era essencialmente um drama de personagens que, por acaso, se passava numa nave espacial", explicou ao The Daily Beast.

A seguir, o realizador acrescentou que, com exceção de poder "torcer o tempo e desafiar a gravidade e atirar raios dos meus dedos", tinha dificuldade em compreender, escrever ou supervisionar uma história sobre um mundo onde "não há sexo".

E reforçou: "Ninguém faz sexo. Não sei como dizer às pessoas como se portarem num mundo onde isso não acontece".

O realizador levantou outras questões práticas, como quem paga o salário dos super-heróis, para quem trabalham e "como é que surge este emprego?", mas não se sentia incomodado com a popularidade do género: "Se as pessoas querem ir ao cinema ter essa experiência, por mim tudo bem. Como cineasta, não saberia por onde começar".

James Gunn

Em resposta, James Gunn partilhou algumas imagens de filmes e séries de super-heróis da sua responsabilidade, que insinuam a existência de atividade sexual: "Com todo o respeito, Steven Soderbergh, algumas pessoas estão a ter sexo".

Reagindo a mensagens que o apontavam como a única exceção, Gunn deu como exemplos filmes de Zack Snyder, Richard Donner, Chloé Zhao, Tim Miller, mas reconheceu: "Dando crédito ao Soderbergh, o sexo parece ser inexistente em muitos filmes inspirados pela banda desenhada, portanto não se trata de uma afirmação sem fundamento".

"Não é necessário em qualquer história. Mas ter um universo cinematográfico inteiro antisséptico desprovido de sexo é uma negação de quem somos enquanto seres humanos (e como cada um de nós chegou cá", acrescentou noutra reação.