No penúltimo dia do IndieLisboa, o SAPO Mag destaca "Baronesa", um dos filmes da Competição. O sábado traz no IndieMusic "Teenagers Superstars" e "Ethiopiques", este último a narrar a vida dos músicos da Etiópia e suas extrema diversidade nos tempos anteriores à uma ditadura brutal a partir de 1975.

Violências implícitas

A favela é um assunto recorrente no cinema brasileiro, mas raramente sob um olhar feminino e direcionado para as vidas das mulheres num ambiente frequentemente hostil. "Baronesa" é um trabalho da assistente de realização de "Arábia", um dos filmes de autor produzidos no Brasil de maior "hype" do ano passado, Juliana Antunes.

Perfeitamente instalado na categoria de "docudrama", o filme acompanha um grupo de mulheres num bairro de Belo Horizonte, cidade com mais de dois milhões de habitantes do Estado de Minas Gerais. Tipicamente, foram muitos meses a viver no local e a conhecer as suas futuras protagonistas – Andreia (Andreia Pereira de Sousa) e Leid (Leidiane Ferreira).

O retrato revela um mundo reconhecível, mas não visto noutros projetos: as suas "personagens" espelham o drama de quem espera, de quem cuida da casa e dos filhos enquanto os maridos estão na prisão ou foram mortos em algum confronto de gangues. Juliana Antunes apostou na ideia de um equilíbrio entre a dureza do que filme mostra sem mascarar a presença do álcool, das drogas e dos abusos sexuais, e o lado humano destas pessoas.

A violência está implícita, mas nunca é mostrada: num dado momento, rebenta uma guerra no bairro (facto verídico que não dispensa, no entanto, alguns momentos ensaiados); os tiros ouvem-se, mas isto não é mostrado. O que interessa antes é perceber as dificuldades reais (de locomoção, de perda de pessoas amigas, de medo constante) que enfrentam enquanto Andreia sonha com juntar dinheiro para mudar para a Baronesa, uma espécie de local idílico onde a paz pode ser alcançada. Como fator adicional não presente no filme, vale a pena destacar uma declaração de Juliana Antunes de que muitas mulheres foram proibidas pelos maridos ou irmãos de participarem no filme.

Doces psicóticos

No IndieMusic, "Teenagers Superstars" retrata mais um movimento na esteira do "punk".

Glasgow, início dos 80: havia uma banda chamada The Pastels, que ostentava um mentor de todo o circuito, Stephen McRobbie. E daí para outras mentes: Bobby Gillespie, "raivoso, criativo e ambicioso", dono de uma coleção de discos invejável. Gillespie, pré-Primal Scream, esteve presente como baixista quando os irmãos Reid (recentemente a visitar o álbum em concerto lisboeta) descobriram a microfonia para dar uma atitude às suas músicas com três notas e extasiar a crítica inglesa e figurar no topo das listas das bíblias da Melody Maker e do New Musical Express. "Psychochandy" figurou no topo das listas de melhores de 1985.

Outro pilar será Alan McGee, que descobriu ao chegar em Londres que, incrível, não havia espaço para a sua banda tocar. Ele cria o seu próprio espaço (Living Room, palco para muitas bandas novas) e, para figurar na História, o selo Creation – que fixou ícones ímpares do cenário "indie" (entre as quais as bandas já citadas) até encontrar o pote de ouro no fim do arco-íris com os Oasis.

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