Al Pacino falou em grande detalhe sobre a sua carreira durante um evento na quarta-feira à noite em Nova Iorque, revelam os relatos na imprensa norte-americana.

Integrado na série "People Who Inspire Us" ["Pessoas que nos inspiram", em tradução literal, a lenda do cinema respondeu durante uma hora a perguntas do anfitrião David Rubenstein e dos fãs, numa conversa que foi dos primeiros tempos em "O Padrinho" à decisão de escrever as suas memórias... e o inevitável tópico dos projetos que recusou, incluindo um dos maiores sucessos da história do cinema.

"Bem, recusei 'Star Wars'. Quando cheguei no início, era a novidade e todos sabem o que acontece quando uma pessoa se torna famosa. É do género 'Deem ao Al'. Ter-me-iam dado a Rainha Isabel para interpretar. Deram-me um argumento chamado 'Star Wars'. Ofereceram-me tanto dinheiro, mas não o percebi. Li-o... portanto disse que não o podia fazer", recordou.

O papel, claro, era o de Han Solo, e Pacino brincou: "Dei uma carreira ao Harrison Ford, pela qual ele nunca me agradeceu!".

O ator também disse que voltou a ver recentemente "O Padrinho" (1972) pela primeira vez em 25 anos e o seu anfitrião também perguntou se achava que "O Padrinho - Parte II" (1974) era superior, como acham tantos críticos e fãs.

"Não, não acho. Acho que realmente é mais - como se diria - artístico ou algo do género, não sei. Não pretendo minimizá-lo ou ser excessivamente modesto porque entro ele com o Bob de Niro, mas, ao mesmo tempo, é um filme diferente", notou.

"'O Padrinho' é mais entretenimento. 'O Padrinho II' é este estudo, esta coisa pessoal para o [realizador] Francis [Ford Coppola]. O primeiro 'Padrinho' [...] tem sempre duas ou três coisas a acontecer numa cena. Está-se sempre envolvido na história. Não se sabe o que vai acontecer a seguir, é 'storytelling' [contar a história], é realmente 'storytelling' no seu melhor. 'O Padrinho II' é, de certa forma, linear e algo diferente, sombrio, move-se lentamente. Mas é um ótimo filme, devo dizer", notou.

"O Padrinho"

Pacino também recordou a famosa história de quase ter sido despedido do primeiro filme pelo estúdio e que foi salvo por Coppola ter antecipado a rodagem da "cena Sollozzo", onde Michael Corleone mata um polícia num restaurante: "fiz a cena, eles gostaram e continuam comigo porque matei alguém".

Essa história, revelou, será a que vai abrir o seu livro de memórias.

"Chega-se a esta idade [82 anos] , começa-se a fazer coisas desse género. Mantive-me afastado disso, mas acho que tenho de falar sobre certas coisas. Está tudo bem, tenho filhos e tudo, seria uma boa ideia e estou a trabalhar nisso"", explicou o ator, que deu conta que o co-autor do livro estava entre os espectadores do evento.

Pacino, que descreveu "Scarface - A Força do Poder"" (1983) como o seu filme mais "gratificante", também ao público que tinha visto "The Offer", a série disponível na plataforma Skyshowtime sobre os bastidores da produção de "O Padrinho" e que "metade" era verdade.