O destino de James Bond na versão de Daniel Craig ficou praticamente decidido durante uma viagem de automóvel logo em 2006.

Numa nova entrevista, o ator falou sobre o peso que sentiu quando a produtora lhe disse quantos filmes "007" teria que fazer e se apercebeu do compromisso que isso representava com a personagem.

"Estava na parte de trás de um Mercedes negro a sair da antestreia em Berlim de '007: Casino Royale" com a Barbara Broccoli, só eu e ela. Estava tudo bem, o filme estava a ir muito bem, era do género 'conseguimos, era altura de festejar um pouco", recordou Daniel Craig durante o podcast "Awards Chatter".

Durante essa viagem na noite de 21 de novembro de 2006, o ator, então com 38 anos, apercebeu-se do que tinha pela frente, em termos de responsabilidade e tempo, quando perguntou "Quantos filmes destes vou ter que fazer?" e a produtora respondeu "quatro".

Acabaram por ser cinco, mas este plano permitir definir o que viria a ser o desfecho de "007: Sem Tempo Para Morrer".

[AVISO DE SPOILER]

007: Sem Tempo Para Morrer

"Eu disse 'OK, se fizer quatro posso matá-lo no fim?'. E ela fez uma pausa e simplesmente respondeu 'Sim'", recordou.

"Tinha uma espécie de plano na minha cabeça, não sei qual era o plano, que se conseguíssemos acertar e se chegássemos a um sítio, então eles [os produtores] precisariam fazer um 'reset'", acrescentou.

"E para fazer um 'reset' como deve ser é preciso livrar-se de uma ideia e começar outra. E simplesmente senti 'livrem-se da minha versão e outra pessoa pode começar, e eles podem começar a sua versão'", continuou.

Mas para Daniel Craig, isso também era uma oportunidade de criar e almejar com os seus filmes "algum tipo de arco de história, uma narrativa emocional" para James Bond e "que algo que ele faz ou tem que fazer significa que ele tem que acabar e não pode andar mais por aí".

"E essa foi uma história mesmo muito difícil de descobrir, mas sabia que se acertássemos, seria o sacrifício final, mas o sacrifício final por uma boa razão", explicou.

Foi isso que se viu 15 anos depois em "007: Sem Tempo Para Morrer", quando James Bond morre na explosão provocada por um ataque de mísseis para destruir a base de Safin (Rami Malek), que tem a tecnologia para matar milhões de pessoas.

"Ele não cometeu suicídio, não havia escolha e basear isso à volta de uma história de amor e uma história de amor familiar pareceu-me ser a coisa óbvia", recordou.

"Eu e o Cary [Joji Fukunaga, o realizador] e a Phoebe [Waller-Bridge, uma das argumentistas] tivemos muito a ver com o final. Fomos nós que o escrevemos. Rabisquei coisas em papel sobre o que pensava que era. A Phoebe rabiscou a sua magia sobre isso. Conseguiu-se juntar tudo. Apenas precisávamos descobrir as razões certas. E as razões certas eram aquelas em que havia um vilão diabólico que fez algo diabólico em que não havia regresso possível e a única coisa que ele [Bond] poderia fazer para manter vivas as pessoas que amava era sacrificar-se", justificou.

"E pareceu que fazia sentido. E ele morreu um homem feliz. Estava realizado. Ele nunca poderia estar com alguém porque não podia, porque era um assassino. Ele sempre foi um alvo e, de certa forma, ele livrou-se do vilão, do verdadeiro vilão que tínhamos desde o primeiro filme, porque Safin estava no primeiro filme. Livrámo-nos dele e a Madeleine poderia continuar, e a sua filha poderia continuar. Fiquei muito contente com isso", concluiu sobre o desfecho do 25. filme que surpreendeu os fãs da saga nos cinemas.