As candidaturas internacionais já estão fechadas e segundo
Mário Micaelo, um dos organizadores, «nunca houve tantas inscrições, o que faz prever uma qualidade excecional». A competição nacional, a dois meses do festival e com as inscrições ainda abertas também regista um recorde de participações, «um número que não era esperado perante o cenário negro que se avizinha, mas este acaba por ser um bom ano para curtas portuguesas» garantiu à Lusa o organizador.

Alguns dos elementos da cooperativa que organiza o festival são signatários do «ultimato ao Governo» com que realizadores, produtores, diretores de festivais e distribuidores reclamaram, esta semana, que «enquanto a nova Lei do Cinema não for aprovada pela Assembleia da República e entre em vigor, o Governo encontre uma solução de emergência para a situação de rutura e descalabro financeiro do Instituto de Cinema».

«As políticas para o setor estão numa situação catastrófica de congelamento de toda a atividade de produção e também de divulgação», explica Mário Micaelo que lembra que a Agência da Curta Metragem, criada a partir do festival, «teve em 2011 um ano excecional, o melhor de sempre, e neste momento não tem qualquer financiamento pelo Governo central».

O número recorde de participações segundo Mário Micaelo não tem qualquer relação com o estado atual do cinema português mas deve-se antes a uma tendência estrutural: «Há uma dinâmica que se foi reforçando, até pela facilidade dos novos meios de produção digitais, que ao longos dos anos se tem traduzido num acréscimo de todas as formas de expressão mais livre do cinema, nas quais se inscreve obviamente os filmes de duração não estipulada pelo circuito comercial como é o caso das curtas metragens».

De qualquer forma, e apesar do ambiente de crise, o Curtas de Vila de Conde vai poder comemorar este ano condignamente as suas duas décadas de existência, nomeadamente graças a verbas do QREN, que permitiram a encomenda de quatro curtas metragens a «quatro realizadores de craveira internacional», segundo Mário Micaelo

Thom Andersen,
Helvécio Marins,
Sergei Loznitsa e
Yann Gonzales vão estrear as suas peliculas durante o festival, sendo de destacar que a curta de Andersen é um documentário sobre o arquiteto Souto Moura.

O programa comemorativo inclui ainda uma exposição do espólio fotográfico dos festivais desde 1993, a exibição de um documentário de
José Vieira Mendes sobre o Curtas e o lançamento de uma publicação baseada em entrevistas a realizadores que foram passando pelo festival e com a participações de pessoas do cinema e da crítica que foram passando por Vila do Conde.

Stanley Kubrick será um realizador em destaque no festival com a exibição de algumas das suas curtas e filmes e do documentário
«Stanley Kubrick – A Life in Pictures», com a presença do seu realizador,
Jan Harlan, mas muito especialmente com a exposição que irá ocupar a Solar – Galeria de Arte Cinemática, em que vários artistas plásticos exibirão obras que influenciadas pelo universo de Kubrik.

O outro nome em relevo será o do realizador
Olivier Assayas, um dos nomes mais importantes do cinema francês contemporâneo, que estará no festival e será objeto de uma retrospetiva organizada em associação com Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, onde o festival apresentará programação uma semana antes do seu arranque a 7 de julho.

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