A aventura de "Périphérique Nord" começa na Pontinha, em Lisboa. Na sua garagem, Paulo Carneiro faz os últimos preparativos no seu carro para percorrer os 1.800 quilómetros até à Suíça. Nesta história de movimento, a paixão por carros encontrará as múltiplas realidades de quem deixou o seu país em busca de uma vida melhor.

Enquanto vai conhecendo as histórias de alguns emigrantes e as suas relações com carros muito especiais, Paulo Carneiro vai tomando conhecimento de diferentes experiências, desde os que referem a saudade de casa até aqueles que já não pretendem voltar.

Qual é a ideia por trás deste título? Porque é que o manteve em francês?

Porque filmámos na Suíça e este título conseguia chegar a uma profundidade de significados que não encontramos no português. Há uma espécie de contaminação da própria língua francesa no português e isso também interessava.

Esta associação entre carros e emigração é bastante peculiar, como é que teve essa ideia? Também tem a ver com a sua própria paixão por carros?

Sim. A paixão pelos carros vem da infância, aqueles momentos de fascínio ao ver quem regressa durante o verão para as romarias nas aldeias onde nasceram os meus pais. Esse fascínio era fraturante porque as pessoas dali criticavam os bólides e eu ficava a observá-los com admiração. Sabia os modelos e as marcas, como quem coleciona. E decidi fazer este filme por isso, para mostrar que vai tudo muito para além do exibicionismo. É como gostar de filmes ou de livros.

Como é que conheceu e selecionou as pessoas que aparecem no seu filme?

Na verdade fui conhecendo as pessoas, umas atrás das outras enquanto vivi na Suíça - cerca de sete meses e o filme mostra isso, encontros encadeados.

Há previsão para a estreia em Portugal?

Prevemos estrear o filme em agosto de 2023. Acredito no cinema nas salas comerciais. É outro público, público igualmente importante, e o cinema tem o dever de o respeitar.