Ao anunciar o retorno do polémico Lars von Trier, que afirmou durante o evento em 2011 que tinha "simpatia" por Hitler, o festival limitou-se a transmitir a decisão da direção.

"Pierre Lescure, presidente do Festival, e o seu conselho de administração decidiram acolher o regresso do realizador dinamarquês Lars von Trier, Palma de Ouro de 2000, na mostra oficial. O seu novo filme será exibido fora de competição", afirma um comunicado.

Em 2011, após as declarações polémicas, e apesar de um pedido de desculpas, Lars von Trier foi declarado persona non grata na Croisette, uma punição sem precedentes.

O seu filme "Melancolia" permaneceu na competição e valeu o prémio de melhor atriz à americana Kirsten Dunst.

Desde então que o dinamarquês, que venceu a Palma de Ouro no ano 2000 por "Dancer in the Dark", não regressou ao festival.

"Pierre Lescure trabalhou muito nos últimos dias para tentar retirar o status de persona non grata" do dinamarquês, revelou Thierry Frémaux, diretor geral do festival.

"The House That Jack Built", com Matt Dillon e Uma Thurman, conta a história de um serial killer.

Além disso, a mostra paralela Un Certain Regard anunciou a inclusão do filme "Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos", do português João Salaviza e da brasileira Renée Nader Messora.

A organização do evento também anunciou que o filme de encerramento da mostra será "The Man Who Killed Don Quixote", filme em que o realizador Terry Gilliam trabalha há quase 20 anos.

Festival de Cannes arrasa produtor Paulo Branco: "Mostrou a sua verdadeira face"
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A longa-metragem, considerada por muitos um projeto "maldito", começou a ser rodada em 2000 e quase não teve a possibilidade de estrear devido a um conflito com o produtor português Paulo Branco.

Branco que comprou os seus direitos de autor-diretor através da sua empresa Alfama Films, tinha-se comprometido, entre outras coisas, a manter a data da filmagem em outubro de 2016 e a respeitar as decisões artísticas de Gilliam. Mas, durante a pré-produção, os muitos desentendimentos entre ambos levaram o produtor a suspender o início das filmagens.

Gilliam procurou então a produtora espanhola Tornasol, e com ela filmou a longa-metragem entre março e junho de 2017, em Espanha e Portugal.

O realizador abriu um processo na Justiça francesa para anular o contrato que dava a Paulo Branco direitos sobre o filme.

Mas em 19 de maio de 2017, um tribunal de Paris pronunciou-se em primeira instância em favor do produtor, embora tenha rejeitado o seu pedido de parar as filmagens.

"As suas petições são ridículas. Tenta arrecadar o máximo com um filme que não produziu", declarou Gilliam à imprensa, afirmando que Branco lhe pede uma compensação de 3,5 milhões de euros.

Este episódio judicial prolonga um pouco mais a "maldição" que atinge há quase duas décadas "O homem que matou Dom Quixote".

Em 2000, Gilliam teve de interromper a filmagem da sua adaptação livre da célebre obra de Miguel de Cervantes, com Jean Rochefort, Johnny Depp e Vanessa Paradis, devido a uma série de infortúnios, como inundações no set de gravação e uma hérnia discal sofrida pelo já falecido ator francês.

O cineasta tentou ressuscitar o projeto em várias ocasiões, deparando-se com a falta de financiamento, até conseguir filmar a longa no ano passado.