Brooke Shields revelou que foi violada quando era uma jovem atriz de Hollywood no novo documentário "Pretty Baby: Brooke Shields", que estreou na sexta-feira no Festival de Cinema de Sundance.

A ex-supermodelo não revela a identidade do seu agressor, mas disse que se encontrou com o homem - que já conhecia - logo a seguir à licenciatura na faculdade, acreditando ser uma reunião de trabalho para discutir a sua participação num novo filme.

Ele levou-a para o seu hotel, alegando que lhe chamaria um táxi do seu quarto. Em vez disso, desapareceu no casa de banho antes de voltar nu e agredi-la, conta Shields.

"Não lutei muito. Não lutei. Fiquei totalmente paralisada. Achei que o meu único 'não' deveria ter sido suficiente. E pensei 'fica viva e vai embora'", recorda no documentário.

Após o incidente, a atriz lembra-se de ter ligado para o seu amigo e chefe de segurança Gavin de Becker.

"Isso é violação", disse-lhe, ao que ela respondeu: "Não estou disposta a acreditar nisso".

Shields não havia falado publicamente sobre o incidente até agora.

Fazendo eco ao movimento #MeToo, a revelação é um dos vários momentos chocantes do filme, que estreará em duas partes na plataforma de streaming Hulu (está por confirmar a estreia no Disney+ na Europa).

A primeira parte examina a intensa sexualização que Shields experimentou quando era criança, incluindo uma provocante sessão de fotos nua aos 10 anos, e a sua aparição como prostituta infantil no filme "Menina Bonita" (1978), aos 11.

O documentário mostra uma jovem Shields sendo submetida a perguntas obscenas de jornalistas muito mais velhos do que ela sobre os seus papéis em filmes como "A Lagoa Azul" (1980) e "Um Amor Infinito" (1981), além da série de polémicos anúncios de jeans da Calvin Klein em que foi a estrela.

Após alcançar a fama mundial na adolescência, Shields frequentou a Universidade de Princeton, inicialmente tendo dificuldade em encontrar papéis de atriz novamente após a licenciatura, o que a levou a um encontro com o seu alegado violador.

O documentário, que rendeu a Shields aplausos de pé na sua estreia em Sundance, também narra a subsequente obsessão da comunicação social com a sua virgindade, o alcoolismo da sua mãe e o seu primeiro casamento, com a estrela do ténis Andre Agassi.

Shields, de 57 anos, disse que "sentiu que era o momento certo da minha vida" para se envolver num documentário.

"A indústria em que estava prepara você para ser excluído e eu não queria perder-me nisso. Não me queria tornar essa vítima", garante.