Pedro Almodóvar escreveu um "diário dos Óscares" e partilhou com o Indiewire a tradução exclusiva em inglês, que inclui ver de muito perto o "episódio violento" entre Will Smith e Chris Rock na cerimónia.

Em Los Angeles para se encontrar com alguns atores enquanto prepara a sua primeira longa-metragem em inglês (que tem como protagonista confirmada Cate Blanchett), o realizador espanhol também foi apoiar Penélope Cruz na corrida ao Óscar de Melhor Atriz por "Mães Paralelas" e "experimentar no local se a sua nomeação ainda tem um caminho a percorrer ou se o prémio foi a nomeação".

O diário recorda ainda festas, uma visita ao novo Museu da Academia dos Óscares e a experiência da própria cerimónia e os encontros com colegas e estrelas como Francis Ford Coppola, Al Pacino ou Zendaya.

Mas Almodóvar também estava "a cerca de quatro metros" do "episódio violento" entre Will Smith e Chris Rock, "a única coisa de que se falava no dia a seguir".

E se o realizador viu estarrecido o que aconteceu, ainda mais ficou ao ouvir o discurso de Melhor Ator de Will Smith, nomeadamente o momento em que este mencionou que Denzel Washington lhe recordou que, "no momento mais alto, é quando o Diabo nos tenta".

"O que vi e ouvi produziu em mim um sentimento de rejeição absoluta. Não apenas durante o episódio, mas depois também durante o discurso – um discurso que mais parecia o de um líder de culto. Não se defende ou protege a família com os punhos, e não, o Diabo não aproveita momentos importantes para fazer o seu trabalho", escreve Almodóvar.

"O Diabo, na verdade, não existe. Este foi um discurso fundamentalista que não devemos ouvir nem ver. Alguns alegam que foi o único momento real da cerimónia, mas estão a falar do monstro sem rosto das redes sociais. Para eles, ávidos de carne putrefacta, foi sem dúvida o grande acontecimento da noite", sentenciou.