Ao contrário do que hoje se possa pensar, dada a sua inultrapassável popularidade, “Branca de Neve e os Sete Anões” era visto nos círculos de Hollywood como pouco mais que uma piada antes da sua primeira exibição pública a 21 de dezembro de 1937.
Nos corredores, todos se referiam ao filme como “Disney’s Folly”, ou seja, “a extravagância de Disney” ou “a loucura de Disney”.
Numa época em que a animação norte-americana nunca fora mais que curtas-metragens humorísticas de oito minutos destinadas a passar em complemento dos filmes principais, a mera ideia de se criar um desenho animado de longa-metragem era completamente insana. Além de custar uma fortuna (um milhão e meio de dólares, seis vezes o orçamento inicialmente previsto, o que obrigou Disney a hipotecar a própria casa…), a possibilidade de manter o público na sala durante hora e meia era vista como sendo quase nula, num período em que até se questionou se seria possível aguentar 90 minutos de animação em Technicolor.
A partir do dia da estreia, percebeu-se que a extravagância de Disney, cujo eventual fracasso certamente obliteraria o seu estúdio do mapa, tornou-se o seu maior triunfo. Na antestreia de gala, houve gente não só a rir, mas a chorar, incluindo Clark Gable, reação que nunca alguém pensara ser possível em relação a um desenho animado.
“Branca de Neve e os Sete Anões” não se tornou apenas um sucesso, ele foi um verdadeiro fenómeno, o maior sucesso de bilheteira da história do cinema até àquela data, o equivalente ao “Star Wars” ou ao “Avatar” do seu tempo. E tendo em conta que foi reposto de sete em sete anos até aos anos 90, é bem possível que se trate do filme mais visto em sala de todos os tempos.
Tudo na película se tornou incontornável, da qualidade e elegância da animação à banda sonora de canções inesquecíveis e completamente integradas na narrativa, das personagens eternas à sensação de alegria transbordante que o filme transmitia. De tal maneira que, mesmo que a beleza e personalidade da protagonista acusem um pouco as tendências da época, “Branca de Neve e os Sete Anões” mal parece ter envelhecido ao longo dos últimos 80 anos, uma obra-prima absoluta pela qual o tempo não parece passar.
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