Conhecemo-lo como o Euron Greyjoy de "A Guerra dos Tronos" mas vimo-lo também em séries como "Borgen" e em filmes como "Ghost in the Shell". Na última temporada da megaprodução da HBO, vimo-lo fazer um pacto com Cersei ou raptar a sobrinha Yara, irmã de Theon.
Na última temporada, que se estreia na HBO Portugal na próxima madrugada, às 2h00, o ator dinamarquês Pilou Asbaek continua a interpretar o vilão muito "rock n' roll". O SAPO Mag conversou com o ator ao telefone sobre o que podemos esperar do final de "A Guerra dos Tronos", quem ele gostaria de ver acabar no trono e como foi construir a personalidade de Euron Greyjoy.
SAPO Mag (S.M.) - Toda a gente está à espera que esta seja a melhor temporada de todas: há episódios mais longos e batalhas que demoraram semanas a serem filmadas. Do pouco que podes dizer, o que vai ter a mais esta última temporada de “A Guerra dos Tronos”?
Pilou Asbaek (P.B.) - Acho que “A Guerra dos Tronos” se tornou cada vez melhor não apenas pelo valor de produção mas também pelo tempo que os espectadores dedicaram à série. Os fãs investiram tanto que querem mesmo que esta seja a melhor temporada de sempre. Posso dar-vos um exemplo de porque é que acho que esta temporada vai ser incrível: geralmente demoramos seis meses a filmar 10 episódios, desta vez filmámos durante 10 meses apenas seis episódios.
Sim, alguns dos episódios vão ser mais longos, serão quase como filmes, mas isso é absolutamente necessário para a história e posso garantir-vos que esta temporada será verdadeiramente épica. Vai ser algo nunca visto na história da televisão e vão passar muitos muitos anos até vermos algo assim de novo. Portanto, apertem os cintos e desfrutem da viagem porque vai ser espectacular.
(S.M.) - Como é que foi chegar na temporada 6, quando a série já tinha o peso e a dimensão que conhecemos?
Pilou Asbaek (P.B.) - Sou um sortudo. Quando eu me juntei, a série já era um fenómeno, já era uma das séries mais populares do mundo com uma das maiores bases de fãs do mundo. Quando chegamos a um novo projeto, estamos sempre um pouco nervosos. Eu tinha acabado de fazer o “Ghost in the Shell” com a Scarlett Johansson, que toda a gente esperava que se tornasse num “franchise” gigantesco. Tinha a Scarlett, era da Paramount, trabalhámos com o Steven Spielberg... estava destinado a tornar-se um grande sucesso, mas isso não aconteceu.
Fiquei muito feliz com “A Guerra dos Tronos” porque sabia que ia fazer parte de algo que já tinha conseguido o seu lugar e que já estava a funcionar. Eu tenho uma mãe francesa que me ensinou um ditado: “algumas coisas vão tornar-te rico, algumas coisas vão dar-te honra mas é muito raro essas duas coisas acontecerem em simultâneo”. Eu encontrei essa combinação n’ “A Guerra dos Tronos”.
(S.M.) - E como foi trabalhar nesta última temporada em relação ao que foi trabalhar nas sexta e sétima temporadas?
Pilou Asbaek (P.B.) - Na sexta temporada tinha acabado de chegar à maior série do mundo, estava aterrorizado, estava tão nervoso. Não sabia o que esperar, a única coisa que sabia é que não queria ser o tipo que arruinava “A Guerra dos Tronos” aos fãs, ao elenco e à equipa. Não estava verdadeiramente em mim por estar tão nervoso.
Sabia é que não queria ser o tipo que arruinava “A Guerra dos Tronos” aos fãs, ao elenco e à equipa.
Quando voltei para a sétima temporada tive uma longa conversa com o David e o Dan (David Benioff e DB Weiss, os criadores) onde lhes perguntei se podíamos tornar a personagem mais “rock n’ roll”, mais durona, porque eu nunca vou satisfazer a audiência só a ser mau. Haveria sempre um Ramsay ou um Joffrey que eram mais maléficos do que eu poderia ser. E o que eu sugeri foi torná-lo mais divertido, mais sedutor, mais do tipo “eu vou beijar-te e depois vou matar-te”. E eles disseram “fantástico. Vamos pô-lo a usar um casaco de cabedal e torná-lo mais rock n’ roll”. E isso foi muito melhor para mim porque significou que eu tinha maior controlo criativo, tinha uma maior responsabilidade.
É este o tipo de pessoas com quem devemos querer trabalhar, com pessoas que digam “vamos seguir este caminho e falhar” do que com pessoas que digam “vamos por aqui porque não quero correr riscos”. Na temporada 6 estava muito nervoso, na temporada 7 as peças encaixaram no puzzle e na temporada 8 diverti-me apenas. Foi uma longa festa para o Euron Greyjoy e toda a gente está convidada.
(S.M.) - Quem é que o Pilou - não o Euron Greyjoy- gostava de ver no Trono de Ferro no final?
Pilou Asbaek (P.B.) - Na série ou na vida real?
(S.M.) - Podes responder às duas...
Pilou Asbaek (P.B.) - No mundo ficcional, acho que o Varys é a pessoa certa para o trono, só que ele não tem tomates e, portanto, vou escolher a Sansa Stark porque acho que ela tem os maiores tomates da série. Na vida real adoraria ver uma combinação do Super-Homem e da Madre Teresa de Calcutá. Adoro o facto de ter escolhido o Super-Homem para o mundo real, sou um idiota (risos). Precisamos de um Super-Homem no mundo real neste momento, não precisamos?
(S.M.) - Alguma vez tinhas visto a série ou lido os livros de “A Guerra dos Tronos” antes de teres sido escolhido para a série?
Pilou Asbaek (P.B.) - Era um enorme fã. Estava a filmar uma série chamada “1864” quando me tornei pai e andava para trás e para a frente enquanto filmava a série. A única coisa que salvou o meu casamento não foi o bebé. A minha mulher e eu, todas as segundas-feiras à noite, comíamos pita e víamos “A Guerra dos Tronos” e nunca me vou esquecer que vimos o “Red Wedding” juntos e acabámos por passar a noite a pesquisar reações ao episódio online. Foi uma loucura, nunca tinha visto nada assim.
(S.M.) - O Euron Greyjoy parece ter um insanidade controlada. Qual foi a tua primeira impressão da personalidade dele? E tens algum nível de semelhança com ele?
Pilou Asbaek (P.B.) - Eu percebi que ele era um sociopata, um psicopata e que transformava a sua personalidade para se moldar às pessoas com quem está num determinado momento. Quando ele estava nas Ilhas de Ferro como rei, vestia-se e falava como o povo das Ilhas de Ferro. Quando ele estava na sala do trono com a Cersei, ele vestia-se a rigor e era o tipo de homem que a Cersei queria. No navio, ele era ele próprio. Quando ele está coberto de sangue, a rir e a gritar, isso é quem ele realmente é, um verdadeiro maníaco.
Eu tentei mostrar um lado diferente dele na oitava temporada, mas não é possível criarmos tantos lados novos porque não são importantes para a série. É claro que há algumas semelhanças porque eu faço a personagem, mas eu desmaio quando vejo sangue e estou com a mesma mulher há 12 anos.
(S.M.) - Como é que lidas com toda a gente a pedir-te para contar o fim? E já contaste a alguém?
Pilou Asbaek (P.B.) - Faz parte do jogo. Se os jornalistas não te perguntassem não seria divertido. Mas por esta altura já fiz muitas entrevistas e pergunto às pessoas se querem que conte um spoiler. Sabes o que me respondem? “Não obrigado, prefiro ver quando estrear”. Porque ninguém quer estragar esta série a ninguém.
Esta é a última temporada da maior série de televisão do momento e as pessoas querem ser seduzidas, querem ver as reviravoltas, todas aquelas coisas que não se esperam e prometo-vos: vão rir, vão chorar porque o que o Dan e o David fizeram é espantoso. E porque é que estou tão feliz? Porque sou eu que acabo no trono. Toda a gente sabe isso. (risos)
Veja o trailer da última temporada de "A Guerra dos Tronos":
Comentários