"I Love You, Now Die" é o mais recente documentário da HBO - as duas partes da produção já se encontram disponíveis no serviço de streaming. Realizado por Erin Lee Carr (“At the Heart of Gold: Inside the USA Gymnastics Scandal” e “Mommy Dead and Dearest” da HBO), centra-se na morte do jovem Conrad Roy, de 18 anos, em julho de 2014.

Em conversa com o SAPO Mag, a realizador Erin Lee Carr recorda que o jovem suicidou-se num parque de estacionamento em Fairhaven, Massachusetts, e que as autoridades descobriram uma série de mensagens de texto alarmantes, enviadas pela namorada, Michelle Carter, de 17 anos, que parecia encorajá-lo a matar-se.

"Comecei a trabalhar no caso em 2015, depois de algumas das mensagens de Michelle Carter terem sido reveladas. Pensei que seria um projeto muito interessante para trabalhar", explica. A descoberta das mensagens deu origem a dezenas de manchetes sensacionalistas, levando a um julgamento que levantou questões difíceis sobre a tecnologia, os meios de comunicação social e a saúde mental, ao mesmo tempo que era questionada a possibilidade de uma pessoa ser responsabilizada pelo suicídio de outra.

I LOVE YOU, NOW DIE
I LOVE YOU, NOW DIE créditos: HBO

De acordo com a realizadora, "I Love You, Now Die" explora a complicada relação entre Michelle e Conrad e tem como base algumas das milhares de mensagens de texto que trocaram ao longo de dois anos para reconstituir o namoro deles e as suas trágicas consequências. "Com acesso sem precedentes às famílias, amigos e comunidades, que foram afetados para sempre por este caso incomum, o documentário explora a natureza mutável do sistema de justiça atual, seguindo uma história que tem implicações mais amplas para a sociedade em geral, tanto online como na vida real. Um olhar completo sobre uma história bizarra, resultado de uma convergência mortal de doença mental, solidão e tecnologia", explica a HBO.

"Acho que é um thriller psicológico que se cruza com um documentário de crime real. É sobre uma jovem mulher que estava a ser investigada por mensagens de texto em que encorajava ao suicídio", conta a realizadora ao SAPO Mag, frisando que foi "um caso complexo de explorar".

"Este filme não é para quem sabe muito sobre este caso. Acho que é para algumas pessoas que sabem alguma coisa, para quem não sabe nada, para quem está apenas interessado nos direitos e nas liberdades de expressão ou em casos de saúde mental", explica Erin Lee Carr.

Em conversa com o SAPO Mag, a realizadora frisa ainda que ficou surpreendida com a condenação da jovem. "Fiquei surpreendida com o andamento do caso. E Michelle Carter foi considerada culpada e isso foi incrivelmente surpreendente também", acrescenta.

A história de Michelle Carter e Conrad Roy

Em 2012, os adolescentes Michelle Carter e Conrad Roy apaixonaram-se. Viviam a horas de distância e encontraram-se pessoalmente não mais do que cinco vezes, mas trocaram milhares de mensagens de texto durante dois anos. Depois de Conrad ter sido encontrado morto no carro, em julho de 2014, o que parecia ser um caso padrão de suicídio por intoxicação de monóxido de carbono ganhou um rumo chocante quando os investigadores descobriram mensagens de texto alarmantes no telefone de Conrad. Michelle, com 17 anos na altura, terá incentivado Conrad a suicidar-se, mesmo depois dele ter pensado duas vezes e ter saído do seu carro.

I LOVE YOU, NOW DIE
I LOVE YOU, NOW DIE créditos: HBO

Em julho de 2017, Michelle Carter foi acusada de homicídio involuntário pelo suicídio de Conrad. Em agosto de 2017, foi considerada culpada e começou a cumprir a pena de prisão de 15 meses, em fevereiro de 2019, após um recurso sem sucesso.

"I Love You, Now Die" inclui imagens do julgamento de Michelle Carter, onde os produtores tinham a única câmara permitida no tribunal e forneciam uma câmara de vigilância e gravação de vídeo projetados de forma a melhorar a segurança para este caso histórico. O documentário apresenta ainda entrevistas com pessoas chave da história, incluindo: a família direta de Conrad Roy; Joseph Cataldo, o advogado de defesa de Michelle Carter; Dr. Peter Breggin, especialista em defesa; detetives policiais; e jornalistas que fizeram uma cobertura extensiva do caso.

O documentário estreou no Festival de Cinema South by Southwest deste ano.